INSTRUÇÕES DO GRAU DE APRENDIZ
Tema: “O Maço, o Cinzel e a Régua de 24 polegadas - Significado Simbólico”
Autores: José Alberto Clemente Junior - Ir\ Ap\.
Luciano Moreira dos Santos - Ir\ Ap\.
Silvio Dias Furtado - Ir\ Ap\.
A\ R\ L\ S\ CAVALEIROS NOAQUITAS N.º 169
22 de Julho de 1.996 da E\ V\
Ven\ Mestre, IIr\ 1º e 2º VVig\, MM\ IIr\:
Há bem pouco tempo encontrávamo-nos como seres do mundo profano, sem ainda ter tido a oportunidade de sermos admitidos em vosso meio e conquistarmos um lugar entre vós. Decorrido algum tempo, estávamos sendo submetidos à aprovação desta respeitável Ordem e penetrávamos no seu interior para começar um novo estado de coisas - A NOSSA INICIAÇÃO.
Passamos por reflexões profundas, tentando imaginar o que representaria a Maçonaria em nossas vidas. Quem seriam os seus componentes, como seriam eles e quais os Princípios que poderiam reger esta Instituição?
Nossa pequena e vaga noção do que esta Ordem representa está agora começando a ser delineada em nossas mentes. Na medida em que passamos a participar de suas sessões, suas ilustrações e seus ensinamentos, além das instruções recebidas, passamos a dar os nossos primeiros passos.
Como todas as pessoas, acreditávamos saber o que seria a Maçonaria, mas hoje podemos ver que há muito a ser aprendido e a ser realizado - as etapas de estudo, do silêncio a ser mantido e do progresso a ser alcançado. É o que, a nosso ver, a Maçonaria encerra: UMA HISTÓRIA PROFANA E UMA OUTRA INICIÁTICA.
Assim sendo, ELA representa os seus dois aspectos: a profana, o exterior e a iniciática, o interior. Passamos a entender que o iniciado é aquele ser que dirige o seu pensamento ao mundo interno, o mundo do espírito, que o conduz ao conhecimento próprio, ao Universo do Corpo e dos deuses que nele habitam. É o coração a porta da INICIAÇÃO VERDADEIRA.
Segundo a nossa Primeira Instrução recebida, compete a nós, IIr\AAp\, o trabalho de desbastar a Pedra Bruta, ou seja, devemos nos desvencilhar dos nossos defeitos e de nossas paixões. A Pedra Bruta, extraída das pedreiras, representa a natureza humana ainda grosseira, informe e à espera de ser trabalhada.
Devemos então desbastá-la, ou seja, transformá-la em P\C\, talhada em ângulos retos, conforme as exigências construtivas. Seu formato é regular e suas arestas são pronunciadas, mas ainda não está polida - O QUE SIMBOLIZARIA O HOMEM QUE, se existisse, SERIA PERFEITO. REPRESENTA ENTÃO UM IDEAL. Aproximarmo-nos dessa circunstância seria estar concorrendo à Construção Moral da humanidade, concorrendo a um papel de Construtores Sociais, onde devemos pautar a nossa conduta naRETIDÃO, para a JUSTA MEDIDA, para a IGUALDADE e a JUSTIÇA.
Três instrumentos nos foram apresentados, para que com eles nos fossem dadas as noções básicas que a Maçonaria constrói, isto é, o mosaico de ligações de todas as consciências, afim de objetivarem a felicidade individual e social.
Foram-nos apresentados: O MAÇO, juntamente com o CINZEL, como sendo os instrumentos utilizados no trabalho de um Ap\para, alegoricamente, desbastar a Pedra Bruta. Isto significa educar a nossa áspera e inculta personalidade para uma vida ou obra superior.
O MAÇO, ou MALHO, que deriva do latim “mallieus” (de malhar, golpear), simboliza a vontade, a energia, a decisão e o aspecto ativo da consciência, torna-se de uma necessidade vital para vencer e superar os obstáculos.
O CINZEL, do latim “ciselius” - derivado de “caedere” (cortar, cindir), ou ESCOPRO, representa o intelecto, a razão - corresponde ao discernimento, à penetração e receptividade intelectuais e, por assim dizer, ao aspecto passivo da consciência.
Esses dois símbolos, o MAÇO e o CINZEL, servem para desbastar a Pedra Bruta com inteligência e raciocínio. Não devemos utilizá-los com brutalidade e falta de precisão em um tipo de trabalho onde o que se requer é o esmero e não a brutalidade de qualquer pancada.
Haveremos sempre de nos lembrar de que esses utensílios são indispensáveis para descobrirmos as protuberâncias ou falhas das nossas personalidades.
O terceiro instrumento apresentado foi a RÉGUA DE VINTE E QUATRO POLEGADAS, do latim “regula” (que derivou igualmente régua e regra). Ela representa o símbolo de precisão e exatidão na ação. Sabemos que exatidão e precisão são essenciais para a boa conduta de nossas vidas.
Engendra a linha reta o movimento do nosso comportamento moral - a imaginária tendência de ser prolongada ao infinito, nos dois sentidos; e concorrer assim para simbolizar o ABSOLUTO e o RELATIVO. Representa, concomitantemente, que essa exatidão deve ser praticada durante todo o dia, em seu período de 24 horas simbolizadas pelas 24 polegadas; ou seja, o Maçom se obriga a dispor de todo o seu tempo na busca da perfeição.
As três ferramentas de que o obreiro dispõe, o MAÇO representando a vontade como expressão da inteligência ativa, o CINZEL representando a inteligência passiva, refinada pelo estudo, e a RÉGUA DE VINTE E QUATRO POLEGADAS representando a exatidão das ações obtida com o uso simbólico dos outros instrumentos.
A utilização do CINZEL, do MAÇO e da RÉGUA DE VINTE E QUATRO POLEGADAS no desbaste da Pedra Bruta, enfim, representa simbolicamente a atividade intelectual do Maçom, cujo dever e objetivo é sempre discernir o bem do mal, e tomar o rumo do exato e do perfeito.
Assim, o Maçom deve ser dotado de três qualidades:
1.A iniciativa, energia e perseverança para conseguir polir a sua Pedra Bruta, aperfeiçoar-se na ARTE SUPREMA DO PENSAMENTO e, desta forma, mudar as disposições de sua natureza moral;
2.O uso da inteligência;
3.A exatidão de suas ações.
A reflexão que julgamos ter sido feita é a de que o Maçom deve trabalhar inteligentemente para o bem. De acordo com os preceitos contidos na literatura pesquisada, o bem não deve permanecer apenas no seu foro íntimo: o Maçom tem o dever de praticá-lo igualmente nas suas relações familiares e no mundo em que vive.
A atividade do Maçom, nesse plano, deve dirigir-se ao serviço da Pátria, da Ordem e da Humanidade.
Praticar o bem é também evitar o mal, sem perder de vista que, por conta das imperfeições humanas, o bem e o mal convivem lado a lado. Ambos, dentro do homem, estão separados apenas por uma tênue linha que define o limite desta fronteira. Não se torna visível aos nossos olhos, mas não deve ser subestimada pelos nossos sentidos.
Se pretendemos edificar uma Obra Verdadeira para promover a Paz e a Justiça Social, torna-se imperativo que devamos adotar, por determinação de nossas consciências, tudo aquilo que deva ser considerado justo e leal.
Se um dos ensinamentos aprendidos nos diz que devemos ter respeito ao próximo e ter a magnitude de nossas compreensões para com o nosso semelhante, onde estariam a FRATERNIDADE, IGUALDADE e LIBERDADE um dos ternários da Maçonaria, apregoadas inclusive por leigos e profanos? Não devemos ter responsabilidades e deveres perante o G\A\D\U\?
Nosso esforço tem que ser dedicado ao progresso universal. Temos o dever de ajudar o G\A\D\U\ em sua Obra, construir e aprender por nossas próprias experiências (sem no entanto deixar de buscar apoio nos demais IIr\). Temos que sempre dar, sem jamais esperar por recompensa.
Tentar conhecer a Verdade e, mais, praticá-la é o caminho a ser seguido pelo Maçom e por todos os homens.
Parece-nos claro que, com relação às três viagens realizadas em nossa Iniciação, o material lido e consultado nos indica o que é do nosso dever aprender - GRAMÁTICA, LÓGICA e RETÓRICA - ou ainda, que devemos SENTIR FUNDO, PENSAR ALTO e FALAR CLARO.
Dizem tais apontamentos que a GRAMÁTICA se refere ao conhecimento da MAGIA DO VERBO e o PODER DAS LETRAS. As letras manifestam a Verdade e o Verbo, que segundo São João é a Palavra: a sabedoria eterna.
Se o Ap\ não sabe ler nem escrever, somente soletrar, é nosso dever estudar ainda mais as Letras e os seus efeitos.
Para tanto, meus IIr\ solicitaremos sempre a vossa ajuda, em especial ao Vig\ de nossa Col\, afim de que possamos fazer novos progressos em nossos estudos. Desta forma teremos a oportunidade de cada vez melhor servir, de sermos FILHOS DA LUZ, construtores com SABER, para também OUSAR, QUERER e CALAR.
BIBLIOGRAFIA:
1.Varoli Filho, Theobaldo; CURSO DE MAÇONARIA SIMBÓLICA - Aprendiz (1º Tomo), ed. A Gazeta Maçônica.
2.Figueiredo, Joaquim Gervásio de; DICIONÁRIO DE MAÇONARIA, ed. Pensamento - 1994.
3.Adoum, Jorge; GRAU DE APRENDIZ E SEUS MISTÉRIOS, ed. Pensamento - 1993.
4.Evangelista Neto, Douglas; NOSSA PRIMEIRA INSTRUÇÃO, in “O Aprendiz”, revista mensal.