I –INTRODUÇÃO
II - FUNDAMENTOS DA CÂMARA
III - DESCRIÇÃO DA CÂMARA
IV - AS CITAÇÕES DA CÂMARA DE REFLEXÕES
IV-a) SE A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZ, RETIRA-TE
IV-b) SE TENS RECEIO DE QUE SE DESCUBRAM OS TEUS DEFEITOS, NÃO ESTARAS BEM ENTRE NÓS.
IV-c) SE FORES DISSIMULADO, SERÁS DESCOBERTO
IV-d) SE ÉS APEGADO ÀS DISTINÇÕES MUNDANAS, RETIRA-TE; NÓS AQUI, NÃO AS CONHECEMOS
IV-e) SE TENS MEDO, NÃO VÁS ADIANTE
IV-f) SE QUERES BEM EMPREGAR A TUA VIDA, PENSA NA MORTE
V - O SIMBOLISMO DOS ELEMENTOS DA CÂMARA
V-a) A VELA
V-b) O GALO
V-c) A BANDEIROLA
V-d O CRÂNIO
V-e) A AMPULHETA
V-f) A FOICE
V-g) O PÃO E A ÁGUA
V-h) O SAL
V-i) O MERCÚRIO
V-j) ENXOFRE
“ O Simbolizmo Hermético (por Oswald Wirth)”
V-l)TESTAMENTO
VI – CONCLUSÃO
VII – Bibliografia
REFLEXÕES SOBRE A CÂMARA DE
REFLEXÕES
I
- INTRODUÇÃO:
A Câmara de Reflexões é a verdadeira chave da
iniciação do neófito na Ordem Maçônica, tendo ela uma enorme importância para o
Maçom futuramente, pois é justamente nesse momento que o neófito reflete sobre
toda a sua vida profana e como deverá segui-la após adentrar na Maçonaria.
Em se tratando realmente do verdadeiro ponto
crítico da Iniciação, espera-se inspirar ao Candidato, dentro da Câmara de
Reflexões, sentimentos de profundo respeito que hão de levá-lo a entregar-se a
uma meditação profunda, através da qual o seu espírito purificado será levado a
compreender o valor das coisas terrenas e o valor inestimável dos bens
espirituais. Sem essa meditação em lugar tão apropriado, a verdadeira iniciação
torna-se irrealizável.
Encontramos também um ambiente sombrio, adornado de
emblemas fúnebres, destacando frases marcantes, no qual o profano faz o seu
testamento, a fim de lembrar ao Candidato a sua morte para o mundo profano e
que, purificado e regenerado, deverá começar uma nova vida. Esse cenário
decifra para muitos profanos, como também para numerosos Maçons, que a Câmara
de Reflexões pode ter o objetivo de amedrontar o iniciante, provocando nele
terror físico, disso resultando, muitas vezes, situações constrangedoras e não
iniciáticas. Esta situação se agrava ainda mais quando o profano não é
devidamente instruído pelo Ir:. Experto.
No entanto, devemos nos apegar ao fato da Câmara de
Reflexões possuir toda essa carregada simbologia, mas no intuito de despertar a
reflexão profunda ao profano.
Ao entrar no prédio da loja, com os olhos vendados,
o candidato é recolhido à Câmara, e essa simbologia corresponde a Terra, a
qual, por sua vez, representa a materialidade.
II - FUNDAMENTOS DA CÂMARA
A Câmara de Reflexões é também o símbolo manifesto
de um estado de conseqüência equivalente, mas seu simbolismo não para aí. É
considerada como uma descida aos infernos, ou seja, aos lugares inferiores,
visto que, na Câmara de Reflexões o neófito é obrigado a descer em si mesmo,
entregando-se a uma introspecção muito importante.
Trata-se, portanto de um recuo, de um retrocesso ou
reflexão em si mesmo. Isso levou o simbolista francês Presigout a preferir dar
a esse local a denominação de Câmara de Reflexão, porque, diz ele, o profano
não se entrega a reflexões, mas opera sobre si mesmo uma reflexão, no sentido
de “inversão”, para poder nascer de novo.
E de fato, ao fazer passar o profano pela Câmara de
Reflexão, espera-se que o isolamento que ele vai se encontrar, a atmosfera que
nela existe e os objetos que nela se encontram, hão de concorrer para levá-lo a
novas descobertas e a proporcionar-lhe ensinamentos novos. Isso, sem dúvida, há
de ajuda-lo a realizar esse recuo sobre si mesmo, assim como um corpo muda de
direção depois de chocar-se com outro.
O choque de espírito contra a superfície refletora
da Câmara há de leva-lo a examinar as suas idéias, a compará-las e, desse
processo, há de resultar certamente um pensamento novo.
Existe também a idéia de que esse simbolismo
significa a posição de feto no ventre e constitui o tempo da gestação que
precede o novo nascimento. Esse ventre é comparado à Câmara de reflexão, aonde
o embrião se desenvolve. E pelo aspecto fúnebre entende-se como o significado
da morte do neófito na vida profana.
Pode-se entender, ainda, o aspecto de uma gruta ou
de uma caverna sombria, por simbolizar o centro da Terra, o seio da natureza
material, de onde vimos e para onde voltaremos, com o nosso físico dissolvido e
transformado em pó, o que é lembrado ao iniciante pelos despojos humanos nela
contidos.
Por seu isolamento e suas paredes negras, a Câmara
de reflexões representa um período de escuridão e maturação silenciosa da alma,
por meio da meditação e da concentração em si mesmo, período que prepara o
verdadeiro progresso, efetivo e consciente, que se manifestará posteriormente à
luz do dia.
A finalidade da Câmara de reflexões não é infundir
terror físico aos iniciantes, como infelizmente ainda alguns supõem. Ao
contrário, pretende-se criar um estado de espírito indispensável à compreensão
dos ensinamentos decorrentes do simbolismo e do esoterismo da Iniciação
Maçônica. A incompreensão dos elevados objetivos da Iniciação por parte de
muitos iniciadores faz, muitas vezes, abortar essa necessária predisposição
espiritual.
Ao fazer passar pela Câmara de reflexões o profano,
pretende-se mostrar que tinha chegado o momento de morrer para o vicio, as
paixões, os preconceitos e os maus costumes; para fazer-lhe compreender que
diante da morte desaparecem o orgulho e a ambição humana, e que de nada valem o
poder e as riquezas do mundo.
A permanência do iniciante na Câmara de reflexões
representa o período de gestação do Maçom, pois, ao morrer para o mundo
profano, ele prepara a sua mente e o seu espírito para o nascimento de uma nova
vida.
É necessário que se conceda ao profano tempo
suficiente para meditação frente aos símbolos que se encontram na Câmara de
reflexões, tendo-se o cuidado para que nada venha perturbá-lo durante aquele
período. Deve-se evitar a todo custo fazer entrar dois profanos ao mesmo tempo
na Câmara, sob o pretexto anti iniciático de se ganhar tempo. Os profanos devem
ser convidados a comparecerem com antecedência suficiente para que cada um
possa permanecer pelo menos meia hora dentro da Câmara.
III - DESCRIÇÃO DA CÂMARA
A Câmara de Reflexões é um cubículo que não deve receber
luz do exterior, sendo iluminada apenas por uma vela ou uma lamparina. As
paredes, forradas e pintadas de preto, ostentam várias inscrições e emblemas
fúnebres formando um conjunto. Em seu interior encontram-se uma mesa e um banco
pequenos, um esqueleto humano ou um crânio e ossos, enxofre, e outra sal e
mercúrio, um pedaço de pão, uma bilha d’água, uma campainha, papel e caneta.
Muitas Lojas mais modestas, porém mais interessadas no
estudo da doutrina e do simbolismo maçônicos, representam tais objetos sobre um
simples painel. Sobre ele acham-se pintados vários emblemas: no alto, a palavra
V.I.T.R.I.O.L. (Visita Interiora Terrae, Retificandoque, Invenies
Occultum Lapidem), que significa: “Visita o interior da terra e,
retificando, encontrarás a Pedra Oculta”. Logo abaixo, um galo, uma
bandeirola, na qual estão inscritas as palavras Vigilância e Perseverança. No
meio do quadro vêem-se uma ampulheta, uma foice, um crânio com duas tíbias
cruzadas. De cada lado, duas taças com os símbolos do enxofre e do sal marinho.
O do enxofre é um triângulo com vértice para cima e uma pequena cruz grega
embaixo; o do sal é um circulo atravessado por uma diagonal horizontal. O galo
representa o Mercúrio e estarão pintados, por baixo de duas taças, de um lado a
bilha d’água e, do outro, o pão.
IV - AS CITAÇÕES DA CÂMARA DE REFLEXÕES
Sobre as paredes da Câmara de Reflexões há
inscrições, descritas abaixo, com a finalidade de levar o profano a encarar o
ato a que vai ser submetido, com a honestidade a que deve fazer jús.
· SE
A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZ, RETIRA-TE
A Maçonaria não pode servir de campo experimental para satisfação de uma
simples curiosidade. Inteiramente dedicada ao estudo de problemas fundamentais
e de grandes ensinamentos, todo elemento possuído por uma simples curiosidade,
longe de lhe ser útil, seria um perigo. Sendo manifesto o desejo da Maçonaria
de participar ao mundo a sua utilidade por meio de sábios e discretos
ensinamentos e por elevados exemplos, ela reprime a louca afeição ao superficial,
ao fútil, engrandecendo no homem o desejo de instruir-se através de estudos
sadios, sérios e proveitosos.
· SE
TENS RECEIO DE QUE SE DESCUBRAM OS TEUS DEFEITOS, NÃO ESTARÁS BEM ENTRE NÓS
O ensinamento que essa frase encerra é fundamentalmente proveitoso. O
homem não pode alcançar um grau de elevada perfeição, senão pelo constante
estudo de si mesmo e com o conhecimento mais amplo de seus próprios defeitos,
e, dessa forma, a Maçonaria exige de seus adeptos uma recíproca advertência
sobre si mesmos. O Maçom, para seguir o seu caminho de constante aprendizado,
precisa transparecer, sem receios, todos os seus defeitos, por mais amargo que
isso venha a ser, pois é através desta exteriorização que se pode lapidar a
verdadeira pedra bruta.
· SE
FORES DISSIMULADO, SERÁS DESCOBERTO
A hipocrisia é uma das causas principais que fazem
progredir o mal no mundo, devendo o Maçom fazer sempre o possível para
desmascará-la, combatendo-a por toda a parte onde ela se encontre. Todo aquele
que finge, aquele que oculta, cedo ou tarde será desmascarado e seus vícios
expostos à luz do sol, à luz da verdade.
· SE
ÉS APEGADO ÀS DISTINÇÕES MUNDANAS, RETIRA-TE; NÓS AQUI, NÃO AS CONHECEMOS
A Maçonaria respeita as hierarquias do mundo
profano e as distinções sociais exigidas pela ordem social. No entanto, dentro
de seus templos, isso é desprezado pelo princípio da igualdade que deve reinar
entre todos os seres, sem mais distinções que as merecidas pela virtude,
nobreza e talento; da mesma forma em que os trabalhos dos Aprendizes Maçons
iniciam-se ao meio dia, fazendo com que os irmãos trabalhem sem fazer sombra
uns aos outros.
Esse sentimento de igualdade tráz, por conseguinte,
uma evolução em conjunto muito mais forte e duradoura, fazendo com que o
sentimento de desprezo ou o próprio individualismo não sejam bem quistos na
Ordem Maçônica.
· SE
TENS MEDO, NÃO VÁS ADIANTE
Embora a Maçonaria não pretenda despertar o terror
ao iniciante, essa inscrição existe para indicar que no momento de perigo, o
homem carente de fé e de valor, que se deixa dominar pelo terror e a
superstição, não consegue exteriorizar a sua pedra bruta.
O sentimento de medo faz com que o homem bloqueie
seu caminho a ser triunfado, inibindo a sua coragem, perseverança, auto-estima,
valor e fé, que é justamente o que o iniciante está precisando exteriorizar
nesse momento.
· SE
QUERES BEM EMPREGAR A TUA VIDA, PENSA NA MORTE
Sendo a morte o fim de tudo, a sua aproximação será
o castigo ou a recompensa da vida, de acordo com o emprego que lhe foi dado e a
direção que lhe foi impressa. O homem deve refletir sobre a morte para assim
valorizar e lapidar a sua vida. Sendo assim, o Maçom deve fazer de sua vida um
caminho laborioso, superando obstáculos, com a máxima valorização intrínseca de
si mesmo.
Pode-se entender, ainda, a morte, como sendo o fim
da vida profana e o nascimento na vida maçônica, na qual o iniciado começa a
glorificar a verdade e a justiça, levantando templos à virtude e cavando
masmorras ao vício.
V - O SIMBOLISMO DOS ELEMENTOS DA CÂMARA
A VELA
A Câmara de reflexões é iluminada apenas pela luz de uma
vela ou de uma lamparina. Há várias interpretações sobre este símbolo. Pode ser
a primeira luz da Maçonaria que o profano recebe, de início fraca, para que o
profano, através dos pensamentos que o ambiente lhe sugere, possa acostumar a
sua visão espiritual à luz deslumbrante das verdades que lhe serão reveladas.
A luz dessa vela é o reflexo e a representação da
divindade no plano terrestre. É ela o único asilo seguro contra as paixões e
perigos do mundo e que proporciona o
repouso, o discernimento e a luz da inspiração, quando a Ela se recorre.
Esse clarão simboliza então a lâmpada da razão,
iluminando a Câmara que não é outra coisa senão o interior do homem, dando lhe
assim a esperança de um mundo novo e diferente, que se abre a sua frente, mundo
do qual ele não pode fazer uma idéia precisa, mas que na iniciação haverá de
descobrir.
O GALO
O galo representa o Mercúrio, principio da Inteligência e
da Sabedoria. Essa ave é, também, um símbolo de Pureza.
O Galo é um gerador da esperança, o anunciador da
ressurreição, pois seu canto marca a hora sagrada do alvorecer, ou seja, a do
triunfo da Luz sobre as Trevas. A sua presença na Câmara de Reflexões simboliza
o alvorecer de uma nova existência, visto que o iniciante vai morrer para a
vida profana e renascer para a vida maçônica, sendo ele o signo esotérico da
Luz que o Profano vai receber.
Também simboliza a Vigilância que o iniciado deve
manter relativamente ao papel que desempenha na sociedade. Também simbolizado
por forças adormecidas que a Iniciação pretende realizar, esotericamente
simbolizado pela “força moral”, indestrutível, guiando os passos do Maçom
dentro e fora do Templo.
A BANDEIROLA
Colocada por baixo do Galo traz inscritas as
palavras Vigilância e Perseverança. Consideradas do ponto de vista etimológico,
essas palavras podem significar “vigiar severamente”. Indicam ao Futuro Maçom
que deve, a partir daquele momento, prestar toda a atenção e investigar os
vários sentidos que podem oferecer os símbolos, os quais, só conseguirá
entender completamente através de uma paciente Perseverança. Assim como o dever
moral, que o Maçom deve colocar em prática dedicando-se a uma Vigilância
constante. É também a difícil tarefa
de desbastar a Pedra Bruta que só alcança algum sucesso, quando realizada com a
mais firme Perseverança.
O CRÂNIO
A presença de um Crânio pode despertar no profano
alguns pensamentos, através dos quais ele poderá imaginar a representação, pela
caixa óssea, da inteligência e Sabedoria, da qual ela é símbolo. A Sabedoria é
tão importante para o nosso cotidiano como o conjunto de nossa existência e
para as grandes decisões. Pode ser vista como a Razão governando a prática pela
teoria.
Assim como na Câmara, os ossos são um mero
complemento do Crânio como símbolos da Morte.
A AMPULHETA
Como é um instrumento para medir o tempo, é
considerado na Maçonaria, um símbolo que mostra, pelo escoamento da areia, o
rápido transcorrer do tempo, e recorda ao profano a brevidade da existência
humana, aonde têm um significado esotérico com diversas interpretações.
O tempo passa e voa, e a vida sobre a terra é
semelhante ao cair da areia. Por isso é preciso saber aproveitá-la em coisas
úteis e proveitosas para si próprio e também para a humanidade. Pois uma vida
dedicada ao acumulo de riquezas e ao gozo dos prazeres sensuais não contribui
para a felicidade de ninguém, é uma vida desperdiçada. O iniciante deve lembrar
que as pequenas porções do tempo juntam-se umas as outras e terminam no seio da
Eternidade.
A FOICE
Símbolo muitas vezes não utilizado, mas que
representa o símbolo da destruição e da morte, que em dado momento perturba a
vida de qualquer pessoa, sem distinção de classe social. Pode ser interpretada
como também, um símbolo do tempo, mostrando-nos a curta duração de nossa
existência terrena e despertando-nos o medo.
O PÃO E A ÁGUA
Tende a assemelhar a Câmara de Reflexões a uma
masmorra, onde o profano deve ser recolhido. Mas o Pão simboliza o laço de
fraternidade entre os irmãos e a Água é o símbolo da purificação. São emblemas
da simplicidade que deverá reger a vida do futuro iniciado, assim como
alimentos do corpo e do espirito, os quais são indispensáveis, mas que não
devem ser o único objetivo da vida.
Sendo assim, é o elemento indispensável à vida, e o
pão, provindo do trigo, simboliza a força moral e o alimento espiritual.
O SAL
É o símbolo da mão estendida, representando a
hospitalidade. Os antigos Greco-Romanos o simbolizavam pela amizade, finura e
limpeza da alma e da alegria. Seria como se fosse algum dizer de boas vindas ao
iniciante, mostrando-lhe que ele será acolhido alegremente, com todo o
coração, e que ele há de se sentir em
“sua casa”. Assim, o profano, com o espirito livre, se entregará inteiramente à
conquista das verdades prometidas.
O MERCÚRIO
Representado pelo
Galo, é um símbolo não apenas de Vigilância e Coragem, como também de Pureza.
Princípio fêmea, na alquimia, é considerado Hermeticamente como o princípio da
Inteligência e Sabedoria.
ENXOFRE
É considerado o princípio macho, na alquimia. É o símbolo
do espírito e por isso simboliza o ardor.
“ A pedra Filosofal é um Sal perfeitamente purificado, que
coagula o Mercúrio afim de fixá-lo em um Enxofre extremamente ativo. Esta fórmula sintética
resume a Grande Obra em três Operações que são: a purificação do Sal, a coagulação
do Mercúrio e a fixação do Enxofre”.
(In “O Simbolismo Hermético” de Oswald Wirth)
TESTAMENTO
É o ato que geralmente, na vida Profana, é
praticado a aqueles que se encontram à beira da morte. Mas na Maçonaria é
considerado como um testamento “filosófico”, e não um testamento “civil”, como
o dos profanos. No testamento o iniciado irá “testemunhar” por escrito as suas
intenções filosóficas, assumindo, dessa forma, uma obrigação prévia.
Sua verdadeira finalidade não é somente responder
as perguntas, mas sim, fazer com que o iniciado expresse sua opinião sobre elas
e escreva as suas últimas vontades, como se fosse mesmo morrer, no seu
Testamento. O profano expressará seus últimos pensamentos e suas últimas disposições,
pois é sob influência da Câmara de Reflexões que ele dirá a verdade.
Assim, por esse documento, em que a sua mente só
dirá a verdade, a Loja terá um conhecimento quase perfeito dos verdadeiros
sentimentos do Profano.
VI - CONCLUSÃO
Resumidamente, a Câmara de Reflexões nada mais é do
que a transição da vida profana para a vida Maçônica, que usa de seus elementos
e simbolismos para preparar o iniciante para essa nova e frutífera vida.
A Câmara de reflexões leva o neófito ao mundo da
introspecção. Mais tarde, pelo V.’.M.’. fica sabendo: "Os símbolos que
ali existem vos levaram, certamente, a refletir sobre a instabilidade da vida,
lição trivial sempre ensinada, e sempre desprezada".
Assim, constatamos que a Câmara de Reflexões tem
como fundamento maior fazer com que o iniciante consiga exteriorizar, expor a
sua pedra bruta, para que assim, a mesma possa ser permanentemente lapidada,
intuito este, inerente à Maçonaria.
É neste local que o iniciante consegue se preparar
para se tornar um verdadeiro Aprendiz Maçom, resgatando o seu verdadeiro eu
interior e desprezando a sua parte infrutífera, catalisando assim todos os
elementos necessários para o início dos trabalhos Maçônicos.
Essa fundamental preparação realizada pela Câmara
no candidato, torna-se claramente necessária ao entender-se que tal profano já
está prestes a iniciar-se na Ordem. A garimpagem de um irmão Maçom, o achado
dessa nova pedra bruta (o iniciante), já fez com que se trouxesse uma grande
expectativa de mais um irmão abrilhantando os trabalhos em Loja. Mas sem dúvida esse momento
de garimpagem do próprio candidato, dentro da Câmara de reflexões, é vital para
sua completa preparação.
VII -
Bibliografia
Ritual do Primeiro Grau – Aprendiz – GOB;GLESP
ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual de Aprendiz – VADE
MÉCUM INICIÁTICO, Editora MAÇÔNICA, Rio de Janeiro;
WIRTH,
Oswald – O Simbolismo Hermético -
DENILSON FORATO
1. VIG- MM