Os Maçons serão dependentes das Obediências enquanto não atingirem o comportamento capaz de fazê-los conviver apenas na Loja-base, de forma efetivamente fraterna.
a) ORDEM MAÇÔNICA
Um segmento representativo de Maçons não percebe a diferença que existe entre Obediência Maçônica e Ordem Maçônica. Imaginam que se trata da mesma coisa.
Ordem Maçônica – ou Maçonaria como Instituição – é por definição, universal. Sendo a Maçonaria Especulativa uma continuação da Operativa, surgiram outras expressões, Ordem dos Maçons e Ordem Maçônica, que remontam à época da introdução da Maçonaria, também chamada Arte Real.
Quando se fala em “instituição maçônica”, não há nisto mais que uma comodidade de linguagem, pois que, historicamente, a Maçonaria não foi instituída, não teve fundador. Não tem papado, não conhece – como a igreja – a unidade administrativa, mesmo sob a forma federal.
A Grande Loja de Londres, fundada em 1717 por quatro Lojas visava estabelecer um órgão diretor das Lojas existentes em Londres. Não podia prever o sucesso que seria alcançado pela Maçonaria em seu aspecto especulativo e que se espalharia pelo mundo inteiro e seria o centro de união de milhões de homens, que se consideram Irmãos entre si e cujo fim é viverem em perfeita igualdade, atados apenas com os laços da fraternidade, estima e confiança, estimulando-se um aos outros, na prática das virtudes, tendo como ideal a LIBERDADE, a IGUALDADE e a FRATERNIDADE, num sistema de Moral, velado por alegorias e ilustrado por Símbolos.
É supérfluo procurar o berço da Maçonaria no Oriente antigo, no Egito, na Grécia ou na Roma antiga, porque ele é encontrado prosaicamente na Inglaterra. Outras hipóteses não puderam resistir a um exame sério.
Contudo, a influência ocultista na Maçonaria, ou seja aquelas nas quais intervém efeitos maravilhosos e sobrenaturais, em contradição aparente com a ciência experimental, são chamadas ocultas porque foram transmitidas, de geração em geração, de uma maneira oculta, pois seus adeptos se ocultavam para exercê-las, a fim de subtraírem-se à autoridade civil religiosa.
É inegável que, embora não sendo a Maçonaria uma religião, e nem uma Ordem mística, utiliza em seus rituais, simbologia, em sua estrutura filosófica e doutrinária, padrões de diversas civilizações, antigas, relativos às religiões e às ordens iniciáticas de cunho religioso, no dizer do Ir.’. Castellani, (notável escritor maçom, recentemente chamado ao Or.’. Eterno), mantendo íntimas relações com a Metafísica, com a Mitologia, a Teologia, a Teosofia, com a Religião e com a Astrologia. Na mística maçônica há uma acentuada influência das crenças politeístas dos sumerianos, dos babilônios, persas, egípcios e gregos antigos, as crenças monoteístas do judaísmo e cristianismo.
Os sumerianos, ao elaborarem o seu sistema cosmológico, fizeram uso das doze constelações principais, através das quais o sol e a lua passavam regularmente; foram os precursores do Zodíaco.
Os nossos Templos maçônicos possuem a representação do Sol e da Lua, de diversas constelações e planetas, além de doze colunas com os símbolos dos signos do zodíaco.
O símbolo sumeriano para a divindade era uma estrela e isto também é certo, especialmente no simbolismo desta no 2º grau do simbolismo maçônico. O culto solar, criado pelos mesmos e da astrologia, aperfeiçoada pelos babilônios, muita contribuição trouxe à Maçonaria, ao calcar a sua doutrina moral, espiritual e filosófica, representando a marcha do aprendiz em direção à Luz do conhecimento, a meta do iniciado, caminhando do ocidente para o oriente, onde nasce o Sol, donde vem a luz das antigas civilizações, no dizer do próprio Ritual.
A Maçonaria, como outras ordens iniciáticas, considera a Iniciação como o símbolo da morte e ressurreição e por sucessivas e simbólicas mortes e ressurreições chegará o iniciado à plenitude dos ensinamentos esotéricos.
A estrela de cinco pontas, que, a partir, do séc. 18 passou a denominar-se “Estrela Flamejante”, vem da Escola Pitagórica da qual era símbolo e representa a espiritualidade, ou seja, o homem em sua alta espiritualidade, quando com ápice voltado para cima, pois nela se inscreve uma figura humana, por isso também se chama de estrela hominal. Quando invertida, se inscreve a figura de um bode, representando a materialidade, com todos os seus atributos.
Na Maçonaria há muitos símbolos dos alquimistas, com vistas a armar a sua doutrina moral e espiritual.
Exemplo alquímico, na Maçonaria, são as provas pelas quais deve passar o candidato à iniciação: ar, água, terra e fogo, dos ensinamentos de Aristóteles e que representam os quatro elementos. A da Terra é a da Câmara de Reflexão, a do Ar, é representada pelas tempestades, simbolizando os percalços da vida humana; a da Água é destinada à purificação das mãos; a do Fogo representa a purificação total, simbolizando a destruição da matéria pelo fogo, restando o místico ser imaterial e aperfeiçoado.
O povo hebreu trouxe grande contribuição à Maçonaria: O “livro da lei”, o Pentateuco (os cinco primeiros livros do Velho Testamento, atribuídos a Moisés: o Gênese, o Êxodo, o Levítico, o Números e o Deuterômio; Tora), e outros livros do V.Testamento contém muita coisa, que é usada, mormente na simbologia maçônica.
Mas, além da denominação que se aplica à Maçonaria propriamente dita, este vocábulo (ORDEM) é ainda aplicado: 1º - Ao Sinal de Ordem; 2º - À Ordem do Dia; 3º - Estar à Ordem; 4º - Palavra a bem da Ordem; 5º - Ordem dos Trabalhos; 6º - Ordem – é a compostura, a disciplina e o silêncio que devem ser observados pelos Maçons no decorrer dos Trabalhos e em todos os atos da vida maçônica, e que deve ser sentida pelos Vigilantes, pelo Mestre de Cerimônia ou Segundo Diácono.
b) OBEDIÊNCIA MAÇÔNICA
Até a criação da primeira Obediência do mundo, “The Premier Grand Lodge” – 24 de junho de 1717 – as Lojas eram livres; posteriormente, com a implantação do sistema obediencial, por consenso maçônico, em todo o mundo, não se admitem mais Lojas Livres, ou descobertas, que seriam consideradas irregulares. Se não existe Obediência em Loja – e bastam três Lojas para criar uma – também não existe Loja regular fora do sistema obediencial.
Obediência é uma Potência Maçônica Soberana, constituída pela reunião de várias Lojas formando uma Federação sob o nome de Grande Loja ou de Grande Oriente. Este termo tem o mesmo significado de “Jurisdição”. Assim, as Lojas da Obediência de tal Grande Loja ou Grande Oriente.
Partindo dessa premissa, conclui-se que a Obediência Maçônica, enquanto aparato administrativo da Ordem, é particular. Até sua criação as Lojas formavam a Ordem Maçônica. A Obediência é portanto o somatório das Lojas.
A Ordem Maçônica é representada pelas Lojas Maçônicas. Esta é sua essência. O conceito de “Obediência Maçônica” não se confunda com o conceito de “Ordem Maçônica”.
As Lojas Simbólicas formam aquilo que é essencial para a vivência maçônica, uma vez que os Trabalhos Maçônicos desenvolvem-se exatamente em Loja. A Maçonaria, portanto, está nas Lojas enquanto realidades voltadas para propósitos maiores.
Valdemar Sansão
Ensaios louvados na literatura dos Rituais, na Constituição e no Regulamento Geral de Obediências Maçônicas. A impossibilidade de divisão do poder, no campo maçônico, encontrou seu momento de materialização na criação das Obediências Maçônicas.
Nicola Aslan, citando Marius Lepage, traçou a linha divisória entre aquilo que chamou de Ordem e de Obediência.
As Lojas podem existir sem Grandes Lojas ou Grandes Orientes assegurando a sua Federação. O inverso não é verdadeiro. Nem Grande Loja nem Grande Oriente pode existir sem as Oficinas denominadas “azuis” que deles são a base. Desta forma se revela claramente a diferença entre a Ordem e Obediência.