A TERCEIRA VIAGEM: ARTES LIBERAIS


A terceira viagem é dedicada às Artes Liberais, concebidas, na época do surgimento do Rito Escocês Antigo e Aceito, a saber: A Gramática, a Retórica, a Lógica, a Música e Astronomia.

Evidentemente, hoje teríamos uma gama bem diferente a considerar, pois a  evolução da tecnologia ensejou o surgimento de novas profissões, jamais imaginadas na época em que surgiu o rito.

Seguindo, porém, a tradição, e para enfatizar  o instrumento que o candidato recebe ao encetar a sua terceira Viagem, a Alavanca, nos restringiremos às Artes Liberais antigas.

A Alavanca que materialmente é utilizada para erguer pesos, simboliza a força da Inteligência, subjugada pela Vontade do Homem; o símbolo do imenso poder adquirido pela aplicação das fórmulas e  princípios das Ciências; o poder e a força física individual que o homem, sozinho, não poderia conseguir.

GRAMÁTICA

A arte de falar e escrever corretamente; no mundo moderno, quando há necessidade, para a  sobrevivência, de emprestar vital importância à comunicação, o homem necessita saber esgrimir com facilidade a palavra e a pena.          

Se o Aprendiz passa seu período em silêncio, ouvindo a palavra dos Mestres, estes, evidentemente, devem existir em número suficiente para a formação dos Companheiros; por sua vez, o Companheiro, “ensaia” os primeiros passos nesta Terceira Viagem, para iniciar o seu “vôo” em direção à Comunicação; estará experimentando, no uso e na prática, as regras que lhe foram ensinadas.

RETÓRICA

É arte paralela à Gramática, pois é um conjunto de regras da Oratória, para conseguir que o discurso seja persuasivo, eloqüente, elegante e comunicativo.

A Maçonaria tem peculiar interesse, não no gênio, mas naquele que necessita de cuidados e auxílios para o seu desenvolvimento e evolução.    Dentro das lojas, que são “oficinas” de retórica, todos, indistintamente, sendo humildes, aprendem a falar em publico e expressar-se com acerto.  

Hoje, são tantos os bons oradores, que não se destacam, apenas alguns, pois o saber falar convincentemente tornou se uma arte mais do que necessária neste mundo onde  a comunicação é fator vital.

LÓGICA

O raciocínio tem ligações íntimas com a meditação; no entanto, a solução ou o resultado deverá ter base na Lógica, que os antigos maçons consideravam Arte e hoje é exclusivamente ciência.     A lógica sustenta as leis da filosofia e ensina o Companheiro a ser reto, justo, leal, compreensivo e tolerante.

É a lógica, que juntamente com a gramática e a retórica, dão uma formação e um sentido natural à personalidade do Companheiro. Essa vivência ou ensaio da vida encontra algo maior que a própria lógica, que o próprio raciocínio: O Grande Arquiteto do Universo.
         
Na terceira viagem, o Companheiro tem nas mãos a régua de 24 polegadas e a Alavanca; já sabemos o significado destes dois instrumentos simbólicos; a Régua é o traçado para um caminho reto e sem empecilhos, porque a alavanca os remove, afastando-os e não destruindo, porém não mais constitui empecilho para a jornada.

MÚSICA

 A música tem a sua definição convencional, por exemplo: “A Arte de produzir e de combinar os sons de um modo tão agradável ao ouvido, que as suas modulações comovam a alma”.

O valor do som não está na melodia nem no ritmo. O valor do som  é o reflexo que ele produz.     Nas lojas maçônicas atuais, a Música é apresentada por meio de CDs ou fitas, sendo selecionada com total preferência para as peças tradicionais clássicas.   Não há uma prévia programação; não faz parte da “plataforma” de um Venerável Mestre, quando inicia seu mandato.

 Fica à mercê, quase sempre de modo improvisado, de dois fatores: os CDs ou fitas existentes e o gosto do Mestre de Harmonia.

Raríssimas lojas conservam o órgão e se, algumas, ainda, o possuem, lhes falta o organista.

O som dentro de uma loja, entregue sob a responsabilidade do “Mestre de Harmonia”, não significa parcela muito importante, mas o “som”, enquanto se forma a “Cadeia de União”, adquire importância relevante, total e indispensável.

 O venerável Mestre deve conscientizar os Membros do Quadro sobre o efeito do “som” na meditação.

 É a música de Rick Wakeman, um jovem inglês, filho do conhecido pianista inglês Cyril Wakeman, e que tomou em suas mãos temas como Viagem ao Centro da Terra, o Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda, as Esposas do Henrique VII, e muitas outras e lhes deu um movimento musical de tal monta, que revolucionou tudo e encantou a todos. Há muito de maçônico na obra de Rick Wakeman, não por ele, jovem demais, mas quiçá por seu pai.

É esta a arte que se espera refloresça para o deleite da humanidade e que se espera que a Maçonaria, mormente os Companheiros, lhe dêem maior atenção.

ASTRONOMIA      

 As lojas possuem entre os seus símbolos muitos astros: O sol, várias estrelas, enfim, a própria Abóbada Celeste, sem contudo deter-se no estudo desta ciência.        O Rito Escocês Antigo e Aceito não se preocupa com dois aspectos: os Mares e Oceanos, e o Espaço.

Entre os antigos sábios e astrônomos, encontramos excelsos maçons; as suas descobertas foram fruto de observação, usando instrumentos primários.
 Hoje, evidentemente, na era espacial, a Astronomia assume foros de ciência especializada.

 Não confundamos Astronomia com Astrologia; a primeira, uma ciência; a segunda, quiçá, apenas uma arte.

Estudar os astros para observar o destino de uma pessoa, organizando um “horóscopo”, tem sido prática antiqüíssima, onde não se consegue vislumbrar a fronteira entre a realidade e a mistificação. Esta “arte” astrológica tem penetrado nos Templos maçônicos causando certas confusões, por isto a advertência para que não haja confusão alguma entre Astrologia e Astronomia.

A evolução tecnológica da era espacial, porém, não conseguiu penetrar nas lojas Maçônicas; estas “estacionaram” nos conceitos da Astronomia dos séculos passados, usando-os simplesmente como referências para explicar o significado de certos símbolos.

 Há, portanto, muito, ainda, para estudar, analisar, e pôr em prática; o trabalho do Companheiro apresenta-se árduo, sempre mais, a cada ano que passa; se isto assim permanecer, o futuro Companheiro do terceiro milênio ainda “balbuciará” definições primárias.

“Constelação de Ofiúco” = 13° signo do horóscopo, sendo que  o horóscopo tradicional idealizado a 134 aC pelo astrônomo Grego Hiparcos, está totalmente fora do calendário real....e a maioria estão com defasagens em função de que o eixo de rotação terrestre fechar o ciclo a cada 26.000anos.  Ofiúco é para os nascidos (29/11 à 16/12)  entre escorpião e o sagitário.
 
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BIBLIOGRAFIA:
CAMINO, Rizzardo – Simbolismo do Segundo Grau
BOTELHO, Heitor – O companheiro Maçom – O Vigilante e seu Pupilo.
FONSECA, Gilson – Trabalho de Exaltação.
AFONSO, B. Germano – Arqueoastronomia Brasileira.
Ir  Jerônimo F. de Lucena