V.I.T.R.I.O.L


Agora, nesta 18ª Peça de Arquitetura que estou produzindo em meu postulado de Aprendiz Maçom, e aniversário de 06 meses de iniciado na Ordem , tenho indagado ao meu coração qual a real essência de estar na Instituição Maçônica.

Em primeiro lugar é necessário fazer um severo exame de consciência para verificar o que era antes de ser iniciado e o que sou hoje, e , esse exame é marcado pelas palavras que coloco como título desta Peça ( V.I.T.R.I.O.L ), pois está diretamente ligada e destacada com a Câmara das reflexões, cuja não representa unicamente a preparação preliminar de um candidato para sua recepção na Ordem, mas é principalmente aquele ponto crítico, aquela crise interior, onde começa a paligenesia que conduz à verdadeira iniciação, à realização progressiva, ao mesmo tempo especulativa e operativa, de nosso ser e da Realidade Espiritual que nos anima.

Na ocasião , muita coisa passou despercebida para quem não pode manter intacta a atenção, por não saber por que colocaram – me naquele lugar, por não saber o que iria me acontecer, por não saber o que me espera. Tudo era dúvida, tudo era surpresa, vindas do desconhecido. São tantas as inscrições distribuídas por aquelas paredes negras, são tanto os objetos postos diante de meus olhos temerosos, e uma confusão enorme se estabeleceu em meu espírito.

Ficaria muito difícil e incompleto falar somente do significado da palavra V.I.T.R.I.O.L , sem falar da experiência prática deste isolamento ocorrido naquela que podemos chamar de CAVERNA e em suas paredes negras , escrito em Letras Brancas a presente palavra ( assim entendida naquele momento ) , pois quando repousamos o olhar sobre elas não conseguimos atinar com o que significavam.Quais as razões de elas ali estarem se era impossível que se pudesse alcançar sua significação?. Jamais passou pela minha mente que aquelas letras fossem as iniciais das palavras que compõem uma frase latina do mais alto significado filosófico. Coloquei-me neste momento a reflexionar sobre o assunto, a pesquisar sobre a situação, a buscar o entendimento espiritual e iniciático, no qual disserto a seguir.

A Câmara das reflexões, com seu isolamento e com suas negras paredes, representa um período de obscuridade e de maturação silenciosa da alma, por meio de uma meditação e concentração em si mesma, que prepara o verdadeiro progresso efetivo e consciente que depois tornar-se-á manifesto à Luz do dia. Por esta razão, encontram-se nela os emblemas da morte e uma lâmpada sepulcral, e acham-se sobre suas paredes, inscrições destinadas a pôr à prova a nossa firmeza de propósitos e a vontade de progredir que tem de ser selada num testamento.

Ao ingressar neste quarto (símbolo evidente de um estado de consciência correspondente), o propenso iniciado tem de despojar-se dos metais que porta. Tem de voltar a seu estado de pureza original , uma nudez adâmica, despojando-se voluntariamente de todas aquelas aquisições que foram úteis para chegar até o estado atual, mas que constituem outros tantos obstáculos para seu progresso interior.



Deve cessar de depositar sua confiança e cobiça nos valores puramente exteriores do mundo, para poder encontrar em si mesmo, realizar e tornar efetivos os verdadeiros valores, que são os morais e espirituais. Deve cessar de aceitar passivamente as falsas crenças e as opiniões exteriores, com o objetivo de abrir seu próprio caminho para a verdade.

Isto não significa absolutamente que há a despojação de tudo que pertence e adquiri como resultado de seus esforços e prêmio de seu trabalho, mas, unicamente, que deve deixar de dar a estas coisas a importância primária que pode torná-lo escravo ou servidor delas, e que deve pôr, sempre em primeiro lugar, sobre toda a consideração material ou utilitária, a fidelidade aos Princípios e às razões espirituais. Este despojo tem por objetivo conduzir-nos para sermos livres dos laços que de outra forma impediriam todo nosso progresso futuro. Trata-se, portanto, em essência, do despojo de todo apego às considerações e laços exteriores, com a finalidade de que possamos ligar-nos à nossa íntima Realidade Interior, e abrir-nos a mais livre, plena e perfeita expressão: "LIVRE E DE BONS COSTUMES"

Ser "livre e de bons costumes" é a condição preliminar que é pedida ao profano para poder admiti-lo em nossa Ordem, condição necessária tanto de todo progresso moral como espiritual, de toda evolução na senda da Verdadeira Luz, ou ainda, da Verdade e da Virtude.

Livre dos preconceitos e dos erros, dos vícios e das paixões que embrutecem o homem e fazem dele um escravo da fatalidade. De bons costumes por ter orientado sua vida para aquilo que é mais justo, mais elevado e perfeito.

Estas duas condições tornam latente em cada homem à qualidade do maçom e a possibilidade de fazer-se ou "ser feito" como tal, enquanto em sua plenitude, o caracteriza essa mesma qualidade. Na medida de sua liberdade interior e da orientação ideal de sua vida, o homem é e "se faz" um verdadeiro maçom, um obreiro da Inteligência Construtora do Universo.

O despojo dos metais é assim, o despojo voluntário da alma, de suas qualidades inferiores, de seus vícios e paixões, dos apegos materiais que turvam a pura luz do Espírito; o abandono das qualidades e aquisições que brilham com luz ilusória na inteligência e impedem a visão da Luz Maçônica, a realidade que sustenta o Universo e o constrói incessantemente.

O intelectual deve da mesma forma despojar-se de suas crenças e preconceitos, as crenças e prejulgados científicos e filosóficos tanto quanto as superstições e preconceitos religiosos e vulgares, para que diante de seus olhos possa abrir-se o Caminho da Luz e da Verdade, aonde prepara para assentar seus pés e seu ideal.

Como o Homem deve aprender a pensar por si mesmo, atingindo a certeza e o conhecimento direto da Verdade, de nada lhe servem as crenças e prejulgados que constituem a moeda corrente do mundo, as aquisições materiais, como as quais nunca a Verdade pode ser paga ou comprada, e a qual o maçom deve alcançar pelo seu esforço individual.

A Câmara de reflexões, como o seu próprio nome indica, representa antes de tudo aquele estado de isolamento do mundo exterior para a concentração ou reflexão íntima, com a qual nasce o pensamento independente e é encontrada a Verdade. Aquele mundo interior para o qual devem dirigir-se nossos esforços e nossas análises para chegar, pela abstração, a conhecer o mundo transcendente da Realidade. É o "conhece-te a ti mesmo" do pórtico de Platão, e pedra filosofal dos conceitos de Santo Agostinho como único meio direto e individual para poder chegar a conhecer o Grande Mistério que nos circunda e envolve nosso próprio ser.

Isto, e a cor negra do quarto, trazem-nos à mente a antiga fórmula alquímica e hermética do V.I.T.R.I.O.L, que resume os dizeres em Latim: “Visita Interiora Terrae, Rectificando Invenies Occultum Lapidem”, ou seja, Visite o interior da Terra e retificando-se encontrarás a pedra oculta”. Isto é: desça às profundezas da terra, sob a superfície da aparência exterior que esconde a realidade interior das coisas e a revela retificando teu ponto de vista e tua visão mental com o esquadro da razão e o discernimento espiritual, encontrarás aquela pedra filosofal que constitui o Segredo dos Sábios e a verdadeira Sabedoria.

A representação da Verdade final e fundamental por uma pedra, não demonstra nada de estranho se imaginarmos que deve constituir a base sobre a qual descansa o edifício de nossos conhecimentos, que se transformará no Templo de nossas aspirações, e o critério ou medida sobre a qual, e a cuja imagem, devem enquadrar-se ou retificar-se todos os nossos pensamentos.

O crânio e as imagens da morte que se encontram representadas nas paredes da câmara, além de indicar a morte simbólica que é pedida ao candidato para que complete seu novo nascimento, mostram os fragmentos esparsos e desunidos da realidade morta e dividida na aparência exterior, cuja Vida e Unidade ele deverá buscar e encontrar interiormente, reconhecendo-a sob a aparência e dentro dela.

A Câmara de reflexões constitui a prova da terra, a primeira das quatro provas simbólicas dos elementos ,e, através de sua analogia, conduz-nos aos Mistérios das Iniciações Antigas, fazendo destaque aos Elêusis, nos quais o iniciado era simbolizado pelo grão de trigo atirado e sepultado no solo, para que germinasse, abrisse, por seu próprio esforço, um caminho para a luz.

A semente, na qual se encontra em estado latente toda a planta, representa muito bem as possibilidades latentes do indivíduo que devem ser despertadas e manifestadas à luz do dia, no mundo dos efeitos, pois todo ser humano, é, efetivamente, um potencial espiritual ou divino, idêntico ao potencial latente da semente, que deve ser desenvolvido ou reduzido à sua mais plena e perfeita expressão, e este desenvolvimento é comparável, em todos os sentidos, ao desenvolvimento natural e progressivo de uma planta. Assim como a semente, para poder germinar e produzir a planta, deve ser abandonada ao solo, onde morre como semente, e renasce com o poder germinados da futura planta que começa a crescer; Assim também, o homem, para manifestar as possibilidades espirituais que nele se encontram em estado latente, deve aprender a concentrar-se no silêncio de sua alma, no intimo de seu ser, na sua pedra filosofal, isolando-se de todas as influências externas, morrendo para seus defeitos e imperfeições a fim de que o germe da Nova Vida possa crescer e manifestar-se.

Uma vez que o germe espiritual, a Divina semente de nosso ser, é imortal e incorruptível, esta morte como toda forma de morte, sob um ponto de vista mais profundo é simplesmente o despojo de uma forma imperfeita e a superação de um estado de imperfeição, que foram no passado um degrau indispensável ao nosso progresso, mas que a atualidade transformou-se numa limitação e ao mesmo tempo numa necessidade. Essa imperfeição ou limitação que deve ser superada, os estreitos limites em que se acha enclausurado nosso pensamento e nosso ser espiritual pelos erros e falsas crenças assimiladas na educação e na vida profana é o que simboliza a casca da semente, produzida por esta como proteção necessária em seu período de crescimento, e inteiramente análoga à casca mental de nosso próprio caráter e personalidade.







Essa semente, que deve morrer na terra para produzir a nova vida da planta, cuja perfeição encerra em estado potencial, morreu e efetivamente renasceu no pão que está sobre a mesa da Câmara de Reflexões. Este pão representa, além disso, a substância que constitui o meio pelo qual a vida se manifesta em todas as suas formas, a matéria prima continuamente ao mecanismo incessante da renovação orgânica, passando de um a outro estado, de uma a outra forma de existência.

Ao lado do pão, encontra-se um copo com água, ou seja aquele elemento úmido, outro aspecto da própria Substância Mãe que é fator e condição indispensável de crescimento, germinação, maturação, reprodução e regeneração. Como a Vênus Anadiômera, que se transforma em Vênus Genitrix; a Mãe Universal, também a Vida da somente pode nascer do seio das águas, enquanto que a terra mitologicamente simbolizada por Géa e Deméter (às quais estavam consagradas os Mistérios de Elêusis) converte-se na nutris.

Estas duas formas complementares da Substância Una, atuam constantemente uma sobre a outra, como podemos observar em todos os processos biológicos; Em seu estado primitivo, o pão representa o carbono que sob a forma de ácido carbônico, é encontrado na atmosfera, e que a vida vegetal transforma nos hidrocarbonatos, substâncias básicas que constituem todas as partes da planta, das quais nascem posteriormente as proteínas. Todas estas produções necessitam como base o elemento úmido, que pode comparar-se à Matriz , o Templo e a Oficina de toda a atividade orgânica.

Finalmente, o pão e a água possuem moralmente fundamentos de sobriedade e sensibilidade indispensáveis para a vida do iniciado, e juntamente com o despojo dos metais, este demonstrando seu discernimento, que o faz buscar unicamente o essencial, os verdadeiros valores da existência, que só podem nos dar paz, felicidade e satisfação, fazendo-se fatores de nosso progresso interior em Sabedoria e Virtude , eliminando todas as superfluidades e complicações da vida profana, em cuja busca o homem ordinário perde suas melhores energias.

Uma vasilha de sal e uma de enxofre encontram-se também sobre a mesa, junto com o pão e a água. Ainda que o primeiro seja habitualmente conhecido como um condimento, sua associação simbólica com o segundo não deixa de parecer algo estranho e misterioso. O que significam pois, estes dois novos elementos, este novo casal hermético, que se une ao anterior?

Trata-se de um novo tema de meditação que é apresentado ao iniciado, sobre os meios e elementos com os quais deve se preparar para uma nova Vida, iluminada pela Verdade e concebida, ativa e fecunda com a prática da Virtude, a que se referem o Enxofre e o Sal em sua mais elevada acepção.

Como tal, indica o primeiro a Energia Ativa, que se torna a Força Universal, o princípio criador e a eletricidade vital que produzem e animam todo crescimento, expansão, independência e irradiação. Enquanto que o segundo é o princípio atrativo que constitui o magnetismo vital, a força conservadora e fecunda que inclina à estabilidade e produz toda maturação, a capacidade assimilativa que tende para a cristalização, o princípio da resistência e a reação centrípeta que se opõe à ação ativa da força centrífuga.

Assim pois, da mesma maneira que no pão e na água vimos os dois aspectos da substância cósmica e vital, nestes dois novos elementos temos os dois aspectos ou polaridades da Energia Universal, dirigido o primeiro de dentro para fora, aparecendo exteriormente como direito (ou destro), e o segundo de fora para dentro, manifestando-se como esquerdo (ou sinistro). É o impulso ativo que produz toda mudança e variação, e engendra no homem o entusiasmo e o amor à atividade, o desejo e a paixão.



A tendência passiva para a inércia e a estabilidade é inimiga de mudanças e variações, produzindo em nosso caráter, firmeza e persistência, e com seu domínio da mente, a ignorância, a inconsciência e o sentido da materialidade, que nos prendem às necessidades e preocupações exteriores e aos instintos destinados à proteção da vida em suas primeiras etapas. O primeiro nos impele constantemente para cima e para frente, anima-nos e nos dá firmeza em todos nossos passos, dá-nos o ardor, a iniciativa, o espírito de conquista, à vontade e a capacidade de satisfazer nossos desejos e conseguir o objetivo de nossas aspirações; mas, dá-nos também, a inquietude, a inconstância e o amor das mudanças e novidades, a impulsividade que nos inclina para ações inconsideradas, fazendo-nos recolher frutos maduros e perder os melhores e mais desejáveis resultados de nossos esforços.

O segundo é aquele que nos refreia e desalenta; Faz com que nos recolhamos em nós mesmos, dá-nos o temor e a reflexão, faz-nos abraçar e estabelecer igualmente o erro e a verdade, os hábitos viciosos e virtuosos ,faz-nos fiéis e perseverantes, firmes em nossa vontade e tenazes em nossos esforços; Dá-nos a capacidade de atrair aquilo com o que estamos interiormente sintonizados por nossos desejos, pensamentos, convicções e aspirações. Dá-nos a desilusão e o discernimento, afasta-nos das mudanças e de toda ação irrefletida, mas também, de todo progresso, esforço e superação. São as duas colunas ou tendências que se achar constantemente ao nosso lado, em cada um de nossos passos sobre o caminho da existência, e nossa felicidade, paz e progresso efetivo baseiam-se em nossa capacidade de manter em cada momento um justo e perfeito equilíbrio entre estas tendências opostas, conservando-nos a igual distância de uma e de outra, sem considerar que nenhuma das duas adquira um predomínio indevido sobre nós, mas que trabalhem em perfeita harmonia, dando-nos, cada uma delas, suas melhores qualidades:

O ardor reflexivo e a paciência iluminada, o entusiasmo perseverante e a serenidade inalterável, o esforço vigilante e a firmeza incansável.

A ação e interação entre estas duas tendências opostas, são pois, destinada a produzir em nós, tirando o estado latente que se encontra dentro de nosso Germe Espiritual, o mercúrio vital ou princípio da Inteligência e Sabedoria, que corresponde ao o ritmo da natureza, produzido pela lei de Harmonia e Equilíbrio.

O pensamento em todos seus aspectos, nasce pois, naturalmente no indivíduo, da ação e relação entre suas tendências ativas e passivas, entre o amor e o ódio, a atração e a repulsão, a simpatia e a antipatia, o desejo e o temor. Cresce e adquire sempre maior força, independência e vigor quando lutam entre si o instinto e a razão, à vontade e a paixão, o entusiasmo e a desilusão. Eleva-se e floresce, sempre mais livre, claro e luminoso, conforme aprende a seguir seus ideais e aspirações mais elevadas, e quando estas conseguem sobrepor-se à sua ignorância, erros e temores, assim como às demais tendências passionais e instintivas.

Em outros termos, o pensamento nasce, cresce, se eleva e sublima, conseguindo alcançar horizontes sempre mais altos, amplos e iluminados, conforme predomine na mente e em toda a personalidade o elemento, o princípio do equilíbrio e da harmonia, que produz a Música das Esferas e engendra toda a criação e concepção caracterizada por sua genialidade e formosura. Pois este mercúrio sublimado é o único que pode perceber a Verdadeira Luz, que se torna, com seu reflexo mental luz criadora, simbolizada pela Vênus Celestial, antiga divindade da Luz, e portanto da beleza que a acompanha.









O fogo, aceso no homem, inicialmente pelos desejos e paixões, e depois pela vontade, o entusiasmo e suas mais nobres aspirações (que constituem o enxofre em seus diferentes aspectos), agindo sobre a substância dos instintos, temores e tendências conservadoras (o sal da reflexão), que constitui a matéria-prima de nosso caráter, faz fermentar, ferver e sublimar esta massa heterogênea no crisol da vida individual, produzindo finalmente esse mercúrio refinado, ou seja a Sabedoria, nascida da transmutação por meio da sublimação e refinamento -da ignorância, do erro, do temor e da ilusão.

O novo nascimento, a paligenesia simbólica, a regeneração ideal que indica, em todos seus aspectos, a Câmara de Reflexões, tem finalmente o seu selo e concretiza-se por um testamento, que é fundamentalmente um atestado ou reconhecimento de seus "deveres", ou seja de sua tríplice relação construtiva, com o princípio interior (individual e universal) da vida, consigo mesmo como expressão individual da Vida Una, e com seus semelhantes, como expressão exterior da própria Vida Cósmica.

Trata-se de um testamento iniciático bem diferente do testamento ordinário ou profano.

Enquanto este último é uma preparação para a morte, o primeiro é uma preparação para a vida , para a nova vida do Espírito para a qual deve renascer.

Morte e nascimento são na realidade, dois aspectos intimamente ligados e inseparáveis de toda mudança que se verifica na forma expressão, interior e exterior, da Vida Eterna do Ser. Na economia cósmica, e da mesma forma na vida individual, a morte, cessação ou destruição de um aspecto determinado da existência subjetiva e objetiva, é constantemente acompanhada de uma forma de nascimento, “Não há construção sem Destruição” Assim pois, só em aparência os consideramos como aspectos opostos da Vida, ou como seu princípio e fim, enquanto indicar simplesmente, uma alteração ou transformação, e o meio no qual se efetua um progresso sempre necessário, ainda que a destruição da forma não seja sempre sua condição indispensável.

Como emblema da morte do homem profano, indispensável para o nascimento do iniciado, o testamento que faz o é um testamento do qual ele mesmo será posteriormente chamado a converter-se em executor, um Programa de Vida que deverá realizar com uma compreensão mais iluminada de suas relações com todas as coisas.

A primeira relação ou "dever" do testamento é a do próprio indivíduo com o Princípio Universal da Vida, uma relação que tem de reconhecer-se e estabelecer-se interiormente, e não sobre a base das crenças ou prejuízos, sejam positivos ou negativos. Não existe distinção em seu credo religioso ou filosófico; Para a Maçonaria todas as "crenças" são equivalentes, como outras tantas máscaras da Verdade que se encontram atrás ou sob a superfície delas e somente à qual aspira a conduzir-nos. O que é de importância vital é nossa íntima e direta relação com o Princípio da Vida (qualquer que seja o nome que lhe dê externamente, e o conceito mental que cada um possa ter formado ou dele venha a formar, uma relação que é estabelecida na consciência, além do plano da inteligência ou mentalidade ordinária, sendo só diretamente nela onde pode manifestar-se aquela Luz "que ilumina a todo homem que vem a este mundo".)

Tendo-se reconhecido, no íntimo de seu próprio ser, naquela solidão da consciência que está simbolizada pela Câmara de Reflexões como uma manifestação ou expressão individual do Princípio Universal da Vida, o candidato é chamado a reconhecer o modo pelo qual sua vida exterior se encontra intimamente relacionada com o que ele mesmo é interiormente, e como a compreensão desta relação tem em si o poder de dominá-la e dirigi-la construtivamente.



O homem é, como manifestação concreta, o que ele mesmo se fez e faz constantemente, com seus pensamentos conscientes e subconscientes, sua maneira de ser e sua atividade. Seu primeiro dever para consigo mesmo é realizar-se e chegar sempre a ser a mais perfeita expressão do Princípio de Vida que nele busca. E encontra uma especial diferente e necessária manifestação, deduzindo ou fazendo aflorar à luz do dia, as possibilidades latentes do Espírito, aquela Perfeição que existe imanente, mas que só se manifesta no tempo e no espaço, na medida do íntimo reconhecimento individual.

Quanto aos deveres para com a humanidade, estes representam um sucessivo reconhecimento íntimo que é complemento necessário dos dois primeiros: tendo-se reconhecido como a manifestação individual do Princípio Único da Vida, e sabendo que ele é por fora o que realiza por dentro, deve acostumar-se a ver em todos os seres outras tantas manifestações do próprio Princípio. Deste reconhecimento, brota como conseqüência necessária o seu dever ou relação para com a humanidade, que não pode ser outra coisa que a própria fraternidade.

A Vida Profana sempre fará com que nos afastemos de nossa pedra filosofal, pois este é o caminho fadado ao Homem em nosso mundo vulgar, cheio de expiações, o qual dia a dia nos estafamos em luta para combatê-las, e para voltarmos ao nosso intimo sempre será de grande valia, mesmo como já iniciados, passarmos algumas vezes pela Câmara da Reflexão, e no silêncio do ser, estabelecermos nova visita, nova procura, e encontrarmos a Pedra Filosofal que nos conduz a satisfação da felicidade, mormente aos nossos princípios de Homens Livres, de Bons Costumes, Progressistas e combatedores das Chagas Sociais.

Encerro esta Peça com os dizeres de Theobaldo Varoli Filho – “Curso de Maçonaria Simbólica” – 1º Tomo – Aprendiz.



“...Por outro lado, surpreendente é lembrar que mesmo neste Século XX, houve genocídio, guerras cruéis, perseguições raciais. Ainda a maioria do mundo é vitima da pobreza, da ignorância, da miséria, enfim. Tudo isso começa a ser demonstrado, com realismo, nas Iniciações Maçônicas. Os Maçons, em vez de perderem seu tempo com lamúrias , trabalham em um Laboratório chamado Loja e assim preparam a Construção do Templo Social da Humanidade. É a sociedade do futuro. É a mas avançada de todas as doutrinas e a mais realista de todas as ciências sociais, sem prejuízo de ser fraternal... “







Oriente de Cuiabá

Moacir José Outeiro Pinto Ap.·.M.·.



Bibliografia:



Templo de Salomão – Raimundo Rodrigues

Breviário Maçônico – Rizzardo da Camino

Para Aprendiz Saber , Companheiros e Mestres Recordarem – Osni Lima Rosenhaim

Instrucional Maçônico – Tito Alves de Campos

Grau de Aprendiz e seus Mistérios – Jorge Adoum

O Rito Escocês Antigo e Aceito – José Castellani

Enciclopédia Delta Larousse

A Lei do Triunfo – Napoleon Hill

Curso de Maçonaria Simbólica – Theobaldo Varoli

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.

Site da Sociedade das Ciências Antigas.