A TÁBUA DE DELINEAR

LOJA FRATERNIDADE Nº 3376RITO DE YORK – “Emulation Ritual”




A TÁBUA DE DELINEAR – “The Tracing Board”
DO GRAU APRENDIZ FRANCO-MAÇOM
Agradecemos:
· Ao G.A.D.U. por nos propiciar o “fio da vida” sem a qual não estaríamos onde estamos;
· Às nossas esposas, filhos e demais entes queridos por nos apoiarem nas inúmeras “fugas do lar” em virtude das reuniões para a confecção deste.


Dedicamos o presente trabalho:

· A todos os irmãos da nossa e de outras oficinas que nos auxiliaram nas pesquisas e nos forneceram conteúdo para estudo;
· Aos nossos queridos Mestres pelas inúmeras “aulas” de vivência maçônica;
· Aos nossos Padrinhos que tiveram a “coragem” e a “audácia” de nos dar seu voto de confiança para nos tornarmos “obreiros” desta “oficina”.
Que o G.A.D.U. nos ampare e proteja, hoje e sempre!

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
AS JÓIAS MÓVEIS
O ESQUADRO
O NÍVEL E O PRUMO
AS JÓIAS FIXAS
A PEDRA BRUTA E A PEDRA ESQUADRADA OU POLIDA
A TÁBUA DE DELINEAR OU PRANCHETA
O MOBILIÁRIO OU PARAMENTOS
O VOLUME DA LEI SAGRADA
O ESQUADRO E O COMPASSO
OS ORNAMENTOS
O PAVIMENTO MOSAICO
A MOLDURA DENTEADA OU MARCHETADA
A ESTRELA BRILHANTE
O SOL E A LUA
AS ESTRELAS
AS NUVENS
O ALTAR DOS JURAMENTOS E O CÍRCULO
A ESCADA DE JACÓ: A CRUZ, A ÂNCORA, O CÁLICE E A CHAVE OCULTA
AS TRÊS GRANDES COLUNAS
O MAÇO E O CINZEL
O LEWIS
A RÉGUA DE 24 POLEGADAS
A ESPADA
AS QUATRO BORLAS.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA


INTRODUÇÃO
Falar sobre a maçonaria nos seus conceitos históricos, primitivos e filosóficos cabe-nos inundar o presente trabalho com conteúdo talvez inapropriado para o presente momento, haja vista que o que importa para nós, iniciados aprendizes, é possuirmos uma visão mais ampla e conceitual, a princípio, devido ao nosso grau de maturidade de interpretação.
Antes de ser convidado a entrar na ordem, o profano tem uma visão exotérica da entidade e do mundo, e quando adentra, sua visão se alterna de acordo com o seu grau de evolução para uma visão esotérica, de interior, do coração.
Como nosso trabalho retrata a tábua de delinear do primeiro grau - ou painel do primeiro grau em outros ritos – também denominada de “The Tracing Board” pelo “Rito de York” ou “Emulation Ritual”, o estudo dos simbologismos ocultos e sua devida interpretação nos conduzirão de uma visão exotérica do mundo profano para uma visão esotérica do mundo iniciático maçônico.
A tábua de delinear retrata o templo interno da nossa loja, seus símbolos e seus significados operativos na pura arte de edificar, de construir. Cabe a nós maçons, interpretarmos e transportarmos tais símbolos para nossa vida cotidiana com vistas a construção do nosso “Templo Interior”, trabalhando as nossas virtudes, desbastando as nossas arestas mundanas com vistas a galgar os degraus da perfeição.
Mesmo que seja utópico e fantasioso esse é o propósito do nosso trabalho.


JÓIAS MÓVEIS


São símbolos que merecem tal denominação em virtude de seu alto e precioso conteúdo simbólico na Maçonaria, acrescido ao fato de serem insígnias dos três Principais Oficiais de uma Loja praticante do Rito de Emulação, ou seja: Mestre da Loja (Esquadro); 1º Vigilante (Nível) e 2º Vigilante (Prumo). Denomina-se de jóias móveis porque elas são transmissíveis na cadeia sucessória dos Principais Oficiais, ou seja, elas mudam de mãos na oxigenação da Loja, mas não perdem a sua essência.
Alguns autores ilustram que as três jóias na seqüência do Prumo, do Nível e do Esquadro formam a trilogia maçônica da Liberdade (justa, ereta), Igualdade (todos têm os mesmos direitos) e Fraternidade (sentido de união).
O esquadro
No simbolismo operativo, o Esquadro (do latim exquadra e exquadrare, esquadrar) é um instrumento cuja propriedade é tornar os corpos quadrados; com ele seria impossível fazer um corpo redondo. Ajusta os lados verticais em consonância com os horizontais para que o fruto final se torne firme e seguro, podendo-se dizer que é a união do Prumo com o Nível.
Na simbologia especulativa, ele retrata que o Maçom deve ser o exemplo de conduta a ser seguido, não pendendo para nem um dos lados e nem sendo desnivelado para com os outros. A vida é traçada no plano horizontal para com o próximo e no plano vertical para com Deus, formando uma união constante, justa e ereta.

A jóia do Mestre de Loja possui dois braços que podem não são iguais. Em geral, ele é adornado em seu anverso, o que implica um sentido bem definido. Se o braço mais longo ficar do lado direito; assimila-se assim a preponderância do ativo (lado direito) sobre o passivo (lado esquerdo); também significa que a vontade de um Mestre de Loja só pode ter um sentido, o dos estatutos da Ordem, e que ela só deve agir de uma maneira: a do bem.
O Esquadro tem o sentido de eqüidade, é formado pela reunião da horizontal e da vertical. Ele simboliza o equilíbrio resultante da união do ativo com o passivo é um dos símbolos maçônicos mais usuais e presentes em todos os graus, com o seu simbolismo próprio.

Segundo o comentário de Oswald Wirth, a Cruz e o Quadrado podem ser considerados como formados por dois ou quatro Esquadros de braços desiguais, que seriam reunidos por seus vértices ou por suas extremidades.

O Nível e o Prumo
O Nível e o Prumo são jóias móveis utilizadas pelo Primeiro e Segundo Vigilantes representando a igualdade social e a retidão de julgamento que devem sempre ser observados pelo verdadeiro Maçom para jamais oprimir seu semelhante.

Sob o ponto de vista operativo, com o Nível é possível verificar se uma superfície está livre de arestas, pois, a planificação do alicerce de uma obra é fundamental para sua correta sustentação.

O Prumo permite aferir a retidão de uma parede que está sendo construída, de forma a garantir sua estabilidade.

Na Maçonaria, os homens são considerados iguais perante as leis naturais e sociais, sendo que, simbolicamente, é através do Nível que esta igualdade é verificada.
É somente através da igualdade proporcionada pela tolerância e pela aplicação das leis morais que a fraternidade torna-se possível de ser alcançada. Em suma, o papel do Nível é controlar a força criadora do homem, direcionando sua vontade para propósitos úteis.

Simbolicamente, o Prumo possibilita verificar a correta fundamentação do crescimento intelectual, trazendo o conhecimento necessário para possibilitar a aplicação precisa da força através da razão, denotando a profundidade exigida para nossas observações e estudos, de forma a garantir a estabilidade da obra.
Em suma, o papel do Prumo é controlar a intelectualidade do homem, fundamentando-a a luz da razão.
A horizontalidade do Nível e a verticalidade do Prumo são unidas através de um ponto, o que determina o ângulo reto.

Desta união surge o Esquadro, jóia do Mestre de Loja, instrumento que representa o equilíbrio entre a vontade e a razão, descrevendo aí o papel da Sabedoria, o de aferir a retidão.


JÓIAS FIXAS

São símbolos que merecem tal denominação pelo fato de não serem móveis ou transmissíveis, se achando sempre presentes na Loja, para refletir a divina natureza e atuando como código moral aberto à compreensão de todos os Maçons. Representam o Aprendiz (A Pedra Bruta), o Companheiro (A Pedra Esquadrada, Polida ou Cúbica) e o Mestre de Loja (Tábua de Delinear ou Prancheta).
A Pedra Bruta e A Pedra Esquadrada ou Polida
Na simbologia maçônica, a Pedra Bruta representa os Aprendizes e a Pedra Esquadrada ou Polida, os Companheiros.
Devemos tomar como exemplo de interpretação, a “transformação” que o mineiro artista barroco Antônio Francisco Lisboa, oAleijadinho, transformava uma pedra sabão, numa escultura suntuosa e elevada.

A lapidação da Pedra Bruta na construção de nosso Templo Interior nos torna capazes de desempenhar o papel da pedra talhada em nossa comunidade, aquela em que vivemos, podendo assim contribuir na construção do Templo Exterior, qual seja, a sociedade humana mais ética, mais justa e mais solidária.
As leis do homem nada significam sem Princípios Morais, pois não se faz uma sociedade mais justa e fraterna sem nela haver homens mais justos e mais fraternos. Deve-se adquirir através de uma postura pautada nessa filosofia, o Hábito da Virtude e da interligação direta e íntima do homem e sua alma: a comunicação da Luz Divina em seu interior para que a inteligência seja capaz de atingir um conhecimento verdadeiro, bom e sincero.
Os diversos formatos da pedra bruta são em sua essência o início de nosso desenvolvimento, as várias formas da pedra bruta representam as virtudes pelas quais nós neófitos temos que aprimorar e desenvolver, cabendo a cada um trabalhar com mais afinco as suas imperfeições sempre buscando o formato da pedra polida ou esquadrada. Analisando a pedra bruta podemos considerar que cada um de nós pode trabalhar seu formato, mas os estudos maçônicos possibilitam que haja uniformidade em nosso desenvolvimento e todos possam desbastar a pedra para um único ideal, 60
60refletindo o sentimento de igualdade. Consideramos importante que apesar do desenvolvimento das virtudes sempre temos sempre que refletir, pois em nossa essência continuamos sendo a mesma pedra bruta, em constante desenvolvimento das retidões e dos sentimentos nobres ou não, dependendo do nosso nível de conhecimento e vivência do mesmo.
A Tábua de Delinear ou Prancheta
A Tábua de Delinear ou Prancheta simboliza o Mestre da Loja e serve para traçar os planos e projetos das obras, ou seja, é com ela que os Mestres trabalham para guiar os aprendizes e os companheiros nos trabalhos por ela indicada, revelando-lhes o significado dos símbolos essenciais figurados no painel e delineando o caminho que eles devem seguir para o aperfeiçoamento, a fim de progredirem nos trabalhos da arte real.

Com a Tábua, o Mestre de Loja transforma a mente tosca e ignorante do Aprendiz, a Pedra Bruta, num homem instruído, o Companheiro, já em estágio mais avançado em Pedra Polida, o qual poderá transmutar-se num homem perfeito, num verdadeiro Mestre Maçom capaz de atuar como Construtor Social na edificação de um mundo justo, perfeito e melhor.

Alguns autores retratam que o Volume da Lei Sagrada é a Tabua de Delinear do G.A.D.U., onde ele relata todo o conteúdo moral para o homem seguir firme no caminho da sua ascensão aos mundos superiores e felizes.


MOBILIÁRIO OU PARAMENTOS


O Mobiliário representa as três grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria e sua presença no Templo é imprescindível para a realização dos trabalhos litúrgicos, sendo definidas pelo Volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso.

O Volume da Lei Sagrada
Representa o Código Moral que cada indivíduo deve respeitar e seguir; a filosofia que cada qual deve adotar; é a Lei Sagrada de cada Maçom; enfim, a Fé que nos governa e anima, o norte das nossas vidas, independente de qualquer religião que seja, pois a princípio e até que provem o contrário, o G.A.D.U. é onipresente, oniciente e onipotente.

Assim da mesma forma que a Tábua de Delinear serve para o Mestre traçar objetivamente os trabalhos dos irmãos para o seu aprimoramento, o Volume da Lei Sagrada pode ser considerado como sendo a Tábua de Delinear do G.A.D.U., na qual são traçadas espiritualmente as Leis Divinas e Morais para o Maçom e para a humanidade.
O Volume da Lei Sagrada deve ser aberto sobre o Altar dos Juramentos (que no caso do Rito de Emulação está representado subjetivamente, apenas na Tábua de Delinear e não materialmente dentro do Templo) durante os trabalhos da Loja, como símbolo de espiritualidade e representando a Verdade. Constitui a tração Espiritual ligando o homem a divindade, contém as palavras sagradas e serve para que os candidatos a Franco-Maçonaria façam o seu juramento de obediência e fortaleça a sua fé, sendo também o local onde a Escada de Jacó está apoiada, como veremos mais adiante.


O Esquadro e O Compasso


O Esquadro e o Compasso formando um único emblema é certamente o distintivo mais conhecido da Maçonaria no mundo profano, e o símbolo mais representativo da filosofia maçônica, especialmente quando a eles se agrega a letra “G”, inicial de Geometria, representando o Grande Geômetra que é Deus ou o G.A.D.U.

Como parâmetros especulativos, o Esquadro e o Compasso representam a aspiração do homem pela Justiça e pela Retidão. Eles simbolizam a medida justa que deve presidir todos os atos e ações do verdadeiro Maçom, não podendo se afastar nem da Justiça, nem da Retidão, regulando as nossas vidas e as nossas ações.

O Esquadro, com seu único ângulo reto, e sua escala de medidas fixas, é aplicado às superfícies e aos sólidos, e relaciona-se aos estados aparentemente fixos da matéria (a exemplo na checagem da Pedra Esquadrada ou Cúbica), enquanto que o Compasso, com seu ângulo variável, traçam-se círculos, que representa o todo, o infinito, a perfeição, e relaciona-se aos movimentos e revoluções. Dessa forma, o Esquadro simboliza a Matéria, a Terra e o Compasso, o Espírito e o Céu.
O Esquadro é o símbolo da Retidão que regula nossas ações e que nos ensina a permanecermos fiéis para com os nossos semelhantes; já o Compasso representa a justiça, nos mantém nos devidos limites das nossas relações com todos os homens e especialmente com os nossos irmãos, ensinando-nos onde começam e onde terminam os nossos direitos.

No Grau de Aprendiz, o Esquadro é colocado sobre o Compasso, simbolizando que a Matéria ainda domina o espírito.

Assim, o aprendiz não pode usar o Compasso, pois deverá trabalhar exclusivamente na Pedra Bruta até que sua obra esteja perfeitamente acabada, polida e esquadrejada. O Aprendiz ainda tem a mente nublada por preconceitos e convenções que o impedem de livremente pesquisar e procurar a verdade.

ORNAMENTOS

Os Ornamentos são todos aqueles símbolos que decoram ou ornamentam uma Loja Maçônica e que não estão classificados nem como Jóias e nem com como Mobiliário ou Paramentos, sendo constituídos do Pavimento Mosaico, a Moldura Denteada ou Marchetada e Estrela Brilhante.

O Pavimento Mosaico
Simbolizam a Harmonia que sempre deve haver entre todos os Maçons, independentemente de suas diferenças étnicas, religiosas, políticas, sociais, etc.

O Pavimento Mosaico ou piso mosaico é composto de quadros pretos e brancos, alternando as suas cores nos demonstrando a superação via contraste, via dualidade e simbolizando a união e a igualdade entre os irmãos, assinalando a superação de suas divergências conceituais variadas, mostrando-nos a humildade, o desapego a preconceitos do mundo profano e nos leva a busca da harmonia universal.
O piso tem origem na cultura sumeriana, povo oriundo da antiga mesopotâmia, deve rigorosamente ocupar todo o piso do templo, simbolizando os opostos encontrados na vida do homem.
No antigo Egito, o pavimento mosaico era um lugar sagrado proibido de ser pisado com forte apelo religioso.
Segundo Ruben Schechter, “ao nos depararmos frente ao pavimento mosaico, nos lembramos dos nossos piores defeitos: a ambição e a vaidade. A ambição de queremos alcançar todos os graus, a ambição de nos tornarmos veneráveis, alguns pela capacidade e pela democracia, e outros por imposição e totalitarismo, a ambição de termo e sermos ou nos consideramos melhor que o próximo. A vaidade é o combustível da ambição. São como dois demônios, vivendo em bizarro concubinato nos corações dos homens desprezíveis”.

O pavimento mosaico nos ensina a nos afastar destes sentimentos abjetos, pois representa o porto seguro de todo o homem virtuoso.
É imperioso destacar que os ladrilhos do pavimento mosaico são assentados niveladamente sobre um “único cimento”, ou seja, nos mostrando que vivemos em harmonia num único mundo, independente dos nossos conceitos, das nossas crenças e de nossas posições sociais.

A Moldura Denteada ou Marchetada

Simboliza os Maçons unidos e reunidos em Loja, significando a família Maçônica Universal.
A Moldura Denteada ou Marchetada, também sendo denominada de Orla ou Borla são os nomes atribuídos à representação existente na tábua que serve para demarcar os limites ao redor dos símbolos a primeira vista, mas se observarmos com atenção iremos notar que ela representa a luz em expansão indo de encontro às trevas, luz esta que significa os ensinamentos, a moral maçônica, o amor, a fraternidade se expandido e ocupando o lugar da ignorância, da inimizade, da incompreensão, da desarmonia que é o significado das trevas. A Moldura Denteada serve também como uma muralha para nos proteger da falsidade e do desequilíbrio do mundo profano, não permitindo que isso nos afete.

Também esta muralha composta por inúmeros dentes representa a união dos obreiros em comunhão para aprimorar seus conhecimentos, para adquirir aquilo que é justo e perfeito, compartilhando tais ensinamentos com o mundo profano.
Esotericamente podemos dizer que a Moldura Denteada simboliza a fraternidade através da união dos povos, bem como, servem de barreira contra a entrada da ignorância no Templo interior de cada um, representada pelos seus dentes pretos, em alusão á expansão da Luz obtida com os conhecimentos, representada pelos seus dentes brancos.
Fazemos uma alusão ao Rito de Emulação, onde a Orla representa os planetas ao redor do sol, formando uma bela moldura que rodeia e adorna, dando beleza e harmonia. De acordo com tal raciocínio, lembram-nos os povos reunidos em torno de um chefe, os filhos reunidos junto ao pai, todas as raças reunidas em torno de uma sabedoria universal.


A Estrela Brilhante


A Estrela Brilhante simboliza, nas Lojas, o Sol que é para os Maçons a representação de Deus, o G.A.D.U., pois ele, com sua luz e com seu calor, dispensa inúmeros benefícios ao gênero humano.

È a glória que está no centro, iluminando a terra e toda a humanidade, espalhando a luz, as bênçãos e a vida.
Na interpretação mais apurada, é a Divindade suprema, oniciente, onipotente e onipresente.
A Estrela Brilhante do Rito de Emulação possui sete pontas, representando para alguns autores, as Sete Artes ou Ciências Liberais, fazendo uma alusão ao número sete no seu significado cabalar, onde temos também as sete notas musicais (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si), os sete continentes (América, África, Europa, Ásia, Oceania, Lemúria e Atlântida) os sete Mestres Maçons reunidos para abertura de uma Oficina, os sete dias da semana, enfim, todo um mistério, magia e ocultismo representado pelo número sete.


O SOL E A LUA


O Sol e a Lua representam o antagonismo da natureza – dia e noite, afirmação e negação, o claro e o escuro, o masculino e o feminino – que, contraditoriamente, gera o equilíbrio justamente e sabiamente pela conciliação dos antagonismos.

O Sol simboliza a glória e o esplendor do criador, nos energizando e curando tanto nosso corpo como nossa alma. O Sol representa aquilo que buscamos, em nossa vida, e que quando éramos profanos, não tínhamos, e se tínhamos, era apenas um vislumbre, devido às virtudes que alguns homens possuem; esses são chamados de maçons profanos, e o que buscamos é a luz da verdade, do conhecimento, da harmonia, da fraternidade, do amor ao próximo.

O Sol representa é a fonte de luz, portanto atua ativamente, masculinamente, nascendo no Oriente de onde vieram às civilizações e as ciências, e nos fornece a luz para o início dos nossos trabalhos em Loja, exatamente ao meio-dia quando se encontra no zênite.

A lua representa o mundo profano, onde habita as trevas, a escuridão do conhecimento, a falta de companheirismo e a falta de harmonia, por justamente ser notada durante a noite.
Em outra corrente de pensamento a Lua representa o Amor, o lado feminino, atuando passivamente, pois absorve e depende da luz do Sol para reinar nas noites embelezando e harmonizando juntamente com as estrelas o céu.

Serve também como o divisor de águas na finalização dos trabalhos em Loja, pois ao se encontrar no nadir os mesmos são encerrados.

Ambos exerceram um papel fundamental nas civilizações antigas, contribuindo para a agricultura, na contagem dos tempos, na inspiração mitológica principalmente na Grécia.

De acordo com o Rito de Emulação, o Sol e a Lua juntamente com o Mestre de Loja sãos as Três Luzes menores da Maçonaria, estando situadas no Oriente, Sul e Ocidente, sendo o Sol o governador do dia, a Lua o da noite e o Mestre de Loja, o governador dirigente dos trabalhos.

Na Tábua de Delinear do Rito de Emulação, a Lua é representada na sua fase cheia e não em quarto crescente conforme os painéis de outros ritos.
AS ESTRELAS


As Estrelas, juntamente com o Sol e a Lua simbolizam o universo iluminando a abóbada celeste, o infinito, ao qual o iniciado chega através da escada de Jacó.
Segundo o ritual do Rito de York, as sete estrelas aludem à quantidade de irmãos Mestres-Maçons que precisam estar presentes às sessões sem os quais nenhuma Loja é perfeita e nenhum candidato pode ser iniciado na Ordem.

Existe um entrelaço novamente com o número sete, a visão mística e cabalar, retratada anteriormente na explanação da Estrela Brilhante.

Igualmente, as diversas estrelas distribuídas simbolizam a universalidade da Maçonaria e lembram que os Maçons espalhados por todos os continentes, devem se portar como construtores sociais, distribuir a luz de seus conhecimentos àqueles que ainda estão cegos e privados do conhecimento da Verdade.


AS NUVENS


Representam à falta de completa visibilidade da Verdade (Luz Divina) que é inerente aos Aprendizes-Maçons no 1º Grau, demonstrando assim os momentos de alternância na conduta do aprendiz, ou seja, a dificuldade de observar os mistérios da Franco-Maçonaria.
A Nuvem representa as dificuldades que nós temos para visualizar a Luz Maior, sendo que as sete estrelas circunscritas mostram-nos que praticar as sete virtudes (cardeais e teológicas explicadas mais adiante) pode nos levar a alcançar essa Luz, mas não devemos buscá-la fora e sim no nosso interior.

Vemos aqui mais uma vez a simbologia setenária, pois o sete é considerado um número perfeito pelos antigos e representa os dias da criação do mundo, as sete cores do arco-íris, os sete dias da semana, as sete notas musicais, etc., representa o aperfeiçoamento espiritual do homem.
Podemos dizer que as nuvens nublam os caminhos do homem na sua busca do seu “Eu Superior”, e que tal nebulosidade pode se creditar à ignorância do ser humano, uma das diversas arestas que devem ser aparadas no desbastar da Pedra Bruta de cada um, de acordo com o seu grau de evolução, interpretação e entendimento, não obstante sua fé.


O ALTAR DOS JURAMENTOS E O CÍRCULO


Temos que ter na mente que as Tábuas de Delinear surgiram primeiramente do que a os próprios Ritos e Lojas, funcionando improvisadamente nos interiores de tabernas devido as perseguições da época.
No Rito de Emulação não existe materialmente o Altar dos Juramentos e o Círculo, estando os mesmos representados simbolicamente na Tábua de Delinear, servindo como base para suportar o Volume da Lei Sagrada que ao mesmo tempo sustenta o início da Escada de Jacob.
Materialmente utilizamos o Pedestal do Mestre de Loja para sustentar o Volume da Lei Sagrada, que em comunhão com o Esquadro e o Compasso, formam as Três Luzes Emblemáticas da Maçonaria.
O significado do Altar dos Juramentos é uma alusão aos povos da antiguidade, desde os indígenas até os hebreus, que faziam as suas oferendas a um ser superior, um Deus, em troca de graças e favores obtidos, sustentando neste ponto o princípio do culto à divindade, que para alguns povos eram tidos como primordiais ao agrado de Deus e para acalmar a sua ira.
O Círculo como um ponto central, representa a linha mestra da conduta moral de todo Maçom, subjetivamente limitado entre o Norte e o Sul por duas paralelas imaginárias simbolizando Moisés e o Rei Salomão.
Na parte superior de tal círculo, repousa o Volume da Lei Sagrada, estando consoante com o início do Altar dos Juramentos.
Se nos mantermos circunscritos dentro do Círculo e dos limites das paralelas, observando a conduta moral do Volume da Lei Sagrada, não poderemos errar em nossos objetivos de vida.


A ESCADA DE JACOB

A Escada de Jacob, em diversas religiões, está sempre ligada à Evolução, à Iniciação e ao Caminho que leva á Divindade, sendo utilizada maçonicamente para o mesmo fim.
Simboliza o caminho por onde nós, como Maçons, esperamos chegar ao plano que habita o Grande Arquiteto do Universo. Ela é composta por vários degraus, que não são definidos em quantidade exata justamente por considerar o grau de evolução de cada um, simbolizando as virtudes que o Maçom deve cultivar, para chegar à perfeição.

Ela está apoiada sobre as Três Luzes Emblemáticas da Maçonaria, pois o Volume da Lei Sagrada representa a lei divina, a sabedoria universal que é o Grande Arquiteto do Universo, o código da moral e da ética. O Esquadro que representa a retidão e o Compasso que representa a justiça. De modo que o único modo de chegarmos até o topo da escada é sermos detentores da moral, ética, sermos justos e andarmos em retidão.

Na escada encontramos alguns símbolos que são consideradas as três principais virtudes teologais, de acordo com a igreja católica, relacionadas as virtudes instintivas incrustadas no homem por Deus e que são:
ü A Cruz: simboliza a fé no G.A.D.U., pois sem fé não se chega até o topo da Escada, não se goza os benefícios da plenitude divina;
ü A Âncora: simboliza a esperança de chegar ao topo da Escada e alcançar a graça do G.A.D.U., a salvação e a perfeição íntima;
ü O Cálice: simboliza a caridade, o amor em ajudar o próximo, pois ajudando o próximo estamos ajudando a nós mesmos, de forma a chegarmos à perfeição;

ü A Chave: que está subjetivamente oculta na Tábua de Delinear, simboliza os Segredos e Mistérios da Franco-Maçonaria, nos lembrando do juramento feito e guardado no nosso íntimo e também a discrição pertinente a cada Maçom.

O mais importante ao analisarmos a Escada de Jacob é de perguntarmos a nós mesmos onde nos encontramos nela, se estamos subindo, se estamos descendo, se estamos estacionados, inertes ao mundo e a todos, se eu posso ao chegar no seu topo descer e ajudar o próximo, se estou sendo humano ou animal, caridoso ou vaidoso na escada da vida, enfim, uma infinidade de indagações interiores e individuais que nos fazem refletir e a repensar o nosso caminho cotidianamente.

A fase de interpretação de onde estamos na Escada é de suma importância para o aprimoramento individual e para a contribuição de cada Maçom como Construtor Social no mundo.

AS TRÊS GRANDES COLUNAS

Consta em nosso Rito de Emulação que o Universo é o Templo da Divindade e que a Sabedoria, a Força e a Beleza rodeiam o trono do G.A.D.U., sendo sua sabedoria infinita, suprema e oniciente, sua força onipotente e sua beleza onipresente.
As Três Grandes Colunas que sustentam uma Loja representam tais atributos e também representam o Rei Salomão na sua sabedoria de levantar um Templo de sagração celestial, Hiram Rei de Tiro que utilizou toda a sua força – material e humana - na sua construção e Hiram Abiff que o adornou e deu beleza, formando um trino de supremacia.
No presente trabalho, As Três Grandes Colunas de origem grega têm significados especiais, como os de representar a Sabedoria (Coluna Jônica – Mestre da Loja – Salomão Rei de Israel); a Força (Coluna Dórica - 1º Vigilante – Hiram Rei de Tiro); e Beleza (Coluna Coríntia - 2º Vigilante – Hiram Abiff – Filho da Viúva).
ü Sabedoria, simbolicamente representada pela Coluna Jônica, mais esbelta, possui uma base e um capitel trabalhado com quatro volutas, é a personificação da sabedoria, símbolo da sabedoria feminina atribuída à figura da deusa Atena (Minerva para os romanos). Ela é designada ao Mestre de Loja e está situada no Oriente, pois este dirige os obreiros fazendo uma analogia ao Rei Salomão por sua sabedoria em criar um Templo dedicado aos desígnios de Deus, sempre procurando a Verdade.
ü Força, simbolicamente representada pela Coluna Dórica, é a única coluna clássica da arquitetura grega. Não possui base e com um capitel simples é a personificação da força do homem sendo designada ao 1º Vigilante e está situada no Ocidente, pois este paga aos obreiros o salário, que é a força e sustentação da existência, sendo esta a representação de Hiram, Rei de Tiro, pelos seus esforços na construção do templo de Jerusalém, fornecendo homens e materiais.

Tem sua figuração na mitologia grega e romana representada por Hércules.

ü Beleza, simbolicamente representada pela Coluna Coríntia, possui o capitel de maiores detalhes e acabamentos e é a personificação da beleza sendo designada ao 2º Vigilante e está situada no Ocidente, pois faz repousar os obreiros fiscalizando-os no trabalho, sendo esta a representação de Hiram Abiff, artista designado a criar os acabamentos primorosos do Templo de Jerusalém.

A Beleza que devemos fazer jus da palavra é a beleza moral e tem sua figuração na mitologia romana, na Deusa Vênus, que é a Deusa do amor e da beleza.


“A SABEDORIA CRIA, A FORÇA SUSTENTA E A BELEZA ADORNA. SEM ESTES ATRIBUTOS NADA É PERFEITO E DURÁVEL NO UNIVERSO”.


O MAÇO E O CINZEL

Operativamente, são as ferramentas utilizadas no desbaste da Pedra Bruta transformando-as em Pedra Esquadrada ou Polida. São ferramentas do Grau de Aprendiz, que os usará para o seu aprofundamento nas ciências ocultas da Ordem.

O Maço e o Cinzel, a Vontade e a Inteligência, atuando sem coordenação, funcionando de forma independente, geralmente não produzem um trabalho satisfatório, não garantem que o trabalho se conclua, não asseguram que a meta seja alcançada.
Estes dois símbolos estão unidos, demonstrando que ambos precisam atuar harmonicamente para que se consiga atingir os objetivos almejados.
A associação do Maço com o Cinzel nos indica que a Vontade e a Inteligência, a Força e o Talento, a Ciência e a Arte, A Força Física e a Força Intelectual, quando aplicadas em doses certas, permitem que a Pedra Bruta se transforme em Pedra Polida ou Esquadrada.

O maço possui o lado ativo, da força, e o cinzel o lado passivo, da beleza.


O LEWIS


Operativamente, o Lewis é uma peça de ferro com cunhas ajustáveis e expansivas usado pelos pedreiros antigos para erguer e colocar grandes pedras nos devidos lugares. Sendo assim, o Lewis está na Tábua de Delinear para representar as nossas próprias mãos que usamos para erguer e transportar Pedras Brutas e Cúbicas, porém, nem sempre o esforço humano é suficiente para realizar com eficiência, a obra. Para a construção do Templo Espiritual, se as nossas mãos não se apresentam suficientemente fortes para a tarefa, o Lewis será mentalizado e cumprirá a sua tarefa.

Cabe nos uma ilustração a parte que devemos suportar os pesos da vida material, principalmente na conduta da vida familiar, amparando e protegendo nossos entes queridos, entre eles os que já estão em estágio de vida avançados. Os pais carregam os filhos quando novos e vice-versa na idade adulta, por isso devemos estar devidamente preparados para desempenhar tal função.


A RÉGUA DE VINTE E QUATRO POLEGADAS


Operativamente representava uma ferramenta de construção para apurar as medidas exatas dos materiais de construção, principalmente os vergalhões e verticais de ferro gusa e eram forjadas em metal.

Maçonicamente simboliza às 24 horas do dia, das quais devemos aplicar parte em orações ao Grande Arquiteto do Universo, parte no trabalho e no descanso, e parte em servir um amigo ou Irmão necessitado, sem prejuízo nossos ou de nossos familiares. Também a régua de24 polegadas simboliza a retidão de caráter que todo Maçom deve possuir, não envidando esforços para o ocioso e para a inutilidade do tempo que hoje em dia voa rapidamente por entre os olhos.


A ESPADA
Operativamente, simbolizava o poder pensante, dominador, guerreiro e defensor, muitas vezes utilizada para oprimir a classe plebéia.
Na Ordem, simboliza a Igualdade que deve existir em cada Maçom, posto que só nobres e os titulares de determinados ofícios na Antiguidade, tinham o direito de trazer em público, enquanto nas Lojas Maçônicas todos os irmãos sem distinção de sua posição social, tinham o direito de portá-la. Em loja, o porte da espada igualava o plebeu ao nobre.

A espada pela posição em que se encontra no painel pode-se dizer que representa o guarda interno ou cobridor interno, que é encarregado do templo para proteger o recinto contra eventuais intrusos. Podemos dizer que cada um de nós também pode portar a espada para nos defender da ignorância e da ociosidade que teimam em nos governar.

AS QUATRO BORLAS
Segundo a igreja católica, possuímos quatro virtudes cardeias ou morais e elas estão estampadas nos quatro cantos da Moldura Denteada representando a Temperança, a Fortaleza, a Prudência e a Justiça nos lembrando as ações conduzidas em cada Maçom.
As borlas que representam à justiça e a prudência de acordo com alguns autores são dispostas na entrada do templo, simbolizando que a maçonaria esta sempre a procura de novos obreiros com disposição para colaborar para a evolução e engrandecimento da humanidade.
Assim, a Temperança purifica a nossa mente e o nosso coração, a Fortaleza sustentar a nossa fé interior, a nossa crença; A Prudência nos guia na nossa conduta moral e de pensamento e a Justiça é o guia mestre de todas as nossas ações.


CONCLUSÃO


Conforme o estudo apresentado concluímos que a Tábua de Delinear de qualquer grau sempre vai simbolizar tudo o que os Maçons devem fazer na sua caminhada para atingir os objetivos Maçônicos a ele designados.
Notamos que na Tábua do Aprendiz existem muitas referências ao número sete, considerado pelos antigos como um número sagrado, pois representa: os sete dias da criação, as sete notas musicais, as sete cores do arco íris, as sete virtudes para alcançar a Luz Maior, etc.,

Vimos à simbologia de vários instrumentos utilizados na construção, com o esquadro, compasso, prumo, nível, régua, etc., que auxiliam no aprimoramento do Aprendiz Maçom no seu trabalho rumo à perfeição, que é a lapidação da Pedra Bruta em Pedra em Pedra Esquadrada ou Polida.

É necessário não olharmos para a Tábua só como uma representação física, mas, principalmente, o que está sendo mostrado de forma velada que leva cada Maçom a aprimorar sua conduta dentro dos princípios do G.A.D.U..

Portanto se buscarmos, mesmo com muita dificuldade, subir cada degrau da Escada de Jacob, adquirindo as quatro virtudes cardeais (Temperança, Fortaleza, Prudência e Justiça) e as três virtudes teológicas (Fé, Esperança e Amor ou Caridade), estaremos cumprindo com nossa missão nesse plano e assim contribuindo um pouco para o aprimoramento de toda humanidade.
“QUE AS BENÇÃOS DO G.A.D.U. CAIAM SOBRE TODOS OS IRMÃOS E TODA A HUMANIDADE”.


BIBLIOGRAFIA
1. CRUZ, ALMIR SANT’ANNA - Simbologia Maçônica dos Painéis: Lojas de Aprendiz, Companheiros e Mestre - 1ª Edição - 1997 - Editora Maçônica “A TROLHA”;

2. BOUCHER, JULES - A Simbólica Maçônica - 1ª Edição - 1979 - Editora Pensamento;

3. CONTE, CARLOS BRASÍLIO - A Doutrina Maçônica - 1ª Edição - 2005 - Madras Editora Ltda;

4. CORTEZ, JOAQUIM ROBERTO PINTO - Os Fundamentos da Maçonaria - 1ª Edição - 2004 - Madras Editora Ltda;

5. Cerimônias Exatas do Rito de York - Emulation Ritual - GOB - 1999;