Prancha: “Faça-se a Luz!”


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Prancha: “Faça-se a Luz!”

É provável que a expressão latina “Fiat Lux!” tenha sua origem no Antigo Testamento, especialmente no Livro do Gênese, I, 1-3, transcrito abaixo:
1-No princípio, Deus criou os céus e a terra. 
2 A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. 
3 - Deus disse: 'Faça-se a luz!' E a luz foi feita.

Nessa expressão, existem dois pontos a serem considerados O primeiro, diz respeito ao Verbo Criador. O segundo, à Luz propriamente dita. 

No primeiro dia da criação, Deus criou os céus e a terra. Mas a terra era composta de trevas (escuridão). Então, Deus criou a luz. 

Semelhante narração é encontrada no Evangelho de São João, já no Novo Testamento, no Capítulo I, versículo 1, abaixo transcrito: “1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.”

Com essas duas passagens do Livro da Lei, pode-se aferir que a Luz não foi criada sozinha, mas simultaneamente ao Verbo divino. Curiosamente, a criação dos céus e da terra não dependeu do som, da palavra. Mas a criação da Luz é concomitante à criação do Verbo, pressupondo o som proferido na seguinte ordem: “Faça-se a Luz!” “E a Luz foi feita”.

Assim, não há como estudar a origem da luz, sem estudar a origem do som, pois os dois são indissossiáveis. 
Há de se levar em conta que a palavra latina “Verbum”, retirada do Evangelho de São João, pode ser traduzida como "o som" ou "o canto", sustentada numa tradição segundo a qual o Criador era tido como sendo um canto infinito (Felipe Salles, “Imagens Musicais ou Musica Visual”). Aliás, no mesmo livro, São João também diz que “O Verbo era Deus”.

Posto isso, resta analisar a Luz na expressão bíblica “Fiat Luz”. Com efeito, a luz possui várias representações simbólicas. Assim, o surgimento de uma idéia criativa, é representado por uma lâmpada em cima da cabeça. Diz-se também que uma pessoa bondosa e caridosa, é uma iluminada. De acordo com cada cultura, existem várias representações simbólicas da luz.

Na iniciação maçônica, o candidato também recebe a luz como um prêmio após passar pelas provas hoje simbólicas, mas que um dia já foram reais.

Interessante notar que, após receber a luz, o iniciando ouve a expressão latina: “Sic Transit Gloria Mundi!”, o que traduzo para: “Assim passa a Glória do Mundo !” Significa que a Glória do Mundo é passageira.
Tem suas origens também no Antigo Testamento, nas palavras de Salomão, abaixo transcritas: 

Eclesiastes 1:1-11  -   “1 Palavras do Eclesiastes , filho de Davi, rei de Jerusalém: 
2 Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade. 
3 Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?  
4 Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre.  
5 Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo.  
6 O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos.  
7 Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr.  
8 Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir.  
9 O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol.  
10 Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós.  
11 Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas posteriores também não haverá memória entre os que hão de vir depois delas.”

Encontramos ainda semelhança na Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios: (7:31)

“31 os que usam deste mundo, como se dele não usassem. Porque a figura deste mundo passa”.

De início, parece estranha essa expressão ser dita logo em seguida ao recebimento da Luz pelo Iniciando. Mas o neófito há de interpretá-la como uma advertência. A luz foi feita, mas o tempo é breve. A Glória do Mundo é passageira. Se não dedicar suas obras à Glória do Grande Arquiteto do Universo, certamente as trevas recairão sobre sua vida, assim como recaíram sobre os olhos de Paulo, após ter sido cegado pela luz resplandecente. Nesta passagem, porém, o Verbo não criou a Luz, mas a retirou de Paulo, dizendo: “Duro é recalcitrar contra  aguilhão” (Ato dos Apóstolos 9:5). Paulo somente retomou a visão após guinar sua vida 180º e ser batisado por Ananias, e o restante da história já conhecemos.

Desta forma, temos que a criação da luz é concomitante à criação do Verbo. Porém, o Verbo é capaz de eliminá-la. As obras hão de ser realizadas à Glória do Grande Arquiteto do Universo.     

Or.•. de São Paulo, 28 de novembro de 2006 da E.•.V.•.

Ir.•. Maicon de Abreu Heise
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SALLES, Felipe, "IMAGENS MUSICAIS ou MÚSICA VISUAL - Um estudo sobre as afinidades entre o som e a imagem, baseado no filme 'Fantasia' (1940) de Walt Disney", Dissertação de Mestrado defendida em 24 de junho de 2002 no Programa de Pós Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC/SP;

BÍBLIA SAGRADA – Edição Claretiana – 1998

APRENDIZ MAÇOM – Ritual do Simbolismo – GLESP – junho 2005