Como Fazer o Planejamento Estratégico para uma Loja Maçonica


1. INTRODUÇÃO

2. OBJETIVOS

3. CONCEITOS

3 .1- VISÃO

3.2- MISSÃO

3.3- PRINCÍPIOS

3.4- FATORES-CHAVE DE SUCESSO

3.5- DIRETRIZES ESTRATÉGICAS

3.6- OBJETIVOS ESTRATÉGICOS

3.7- ESTRATÉGIAS

3.8- METAS

4. PROCESSO PRÁTICO DE CRIAÇÃO DO PLANEJ. ESTRATÉGICO.

5. ANEXOS















1. INTRODUÇÃO

“A realização do ser não é uma situação, um estado,
mas uma direção, uma esperança, um anseio, uma tendência.”


As Lojas Maçônicas, em maior ou menor grau, deparam-se atualmente, mais do que em qualquer período anterior, com a necessidade de definir qual será o seu papel neste novo milênio.

A maioria das Lojas não possui consciência de sua identidade e de seu papel na comunidade. Não sabem o que são, para que existem e o que farão no futuro. Elas não estão envolvidas, pela ação, com os problemas que afligem a comunidade de sua cidade em particular, ou a sociedade brasileira em geral.
Os Maçons, por sua vez, reúnem-se nas Lojas, mas se dispersam fora delas por falta de aglutinação em torno de objetivos claramente definidos.

As Lojas iniciam, todos os anos, novos candidatos, mas os seus quadros de obreiros continuam pequenos. Decorre então, a famosa frase que não convence a ninguém: “Temos que ter qualidade e não quantidade”. Esta frase vetusta, já não serve mais como paradigma para as Lojas porque não temos “quantidade”, e muito menos “qualidade”.

As Lojas Maçônicas no Brasil, raramente ultrapassam a 40 maçons por Loja. Quantidade ínfima para um país de dimensões continentais como é o nosso com uma população superior a 170 milhões de habitantes. Se compararmos a quantidade de maçons no Brasil com os Estados Unidos, constataremos uma diferença surpreendente. Precisamos, portanto, melhorar a quantidade de maçons no Brasil, para que possamos fortalecer as nossas Colunas no concerto da Maçonaria Universal.

Por outro lado, as Lojas convidam pessoas de destaque para ingressar na Instituição, mas não possuem, em contrapartida, um programa capaz de sustentar a permanência dessas pessoas em seus quadros. Escolhem-se as pessoas e depois não se sabe o que fazer com elas; o potencial de cada um não é aproveitado em algo produtivo para a Loja e para a Maçonaria.

As Obediências, por sua vez, com raríssimas exceções defrontam-se com o mesmo problema das Lojas, criando-se assim um círculo vicioso.
O escopo deste Projeto é propor uma metodologia que possa reverter a situação vigente, dinamizando a atuação da Loja no sentido de prepará-la para atuar ativamente em prol da sua comunidade.

Sabemos todos que, ações maçônicas quando executadas sem planejamento prévio, sem estratégias definidas e sem objetivos claros, não trazem resultados positivos, ao contrário, nos enfraquecem, podendo, inclusive, macular a respeitabilidade de nossa Instituição.

Sabemos, também, que uma grande preocupação tem trazido inquietação a um número crescente de maçons consciente de suas responsabilidades e do papel que lhes cabe nos tempos atuais: o futuro de nossa Instituição.
No desenho desse futuro, os maçons devem ter o comedimento e a consciência plena de que a Maçonaria, enquanto instituição, tem que ser preservada de desgastes vãos. É preciso manter a sua respeitabilidade em todos os níveis.
Por outro lado, sabemos que, muitas dúvidas assomam às mentes dos maçons:

1.      Quais os paradigmas que deverão nortear as ações da Maçonaria diante de um mundo onde a prevalência do egoísmo, da corrupção e a ausência, cada vez maior, de posturas éticas são a constante na vida dos grupos sociais?

2.      Será essa ambiência favorável à concretização dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade?

As reverberações desse fluir e refluir de insatisfação desde há muito é sentida em nossas lojas, em crescente intensidade.

Duas são as maneiras para o desenvolvimento de ação maçônica na sociedade: a individual e a coletiva.

O trabalho individual conduz o maçom à prática ininterrupta das virtudes, em todos os momentos, a fim de que o conhecimento adquirido seja aplicado no aperfeiçoamento dos costumes. É o desempenho de iniciativa própria, incessante, aplicando-se os princípios no lar, no trabalho, na escola, onde quer que o maçom esteja, marcando sua presença de forma velada quanto aos métodos maçônicos, mas colaborando com a sociedade para o aprimoramento dos costumes, individualmente.

O trabalho coletivo é o exercício em conjunto para aplicação dos ensinamentos de forma planejada, objetiva, coordenada e dirigida. A grande tarefa da Maçonaria consiste no trabalho em grupo, com base no consenso determinado pela maioria e cumprido por todos disciplinarmente. A dispersão de forças e a indisciplina são as causas do enfraquecimento que traz, como conseqüência, a desmotivação.

“Rumos para a Maçonaria do Século XXI”, é uma proposta metodológica para operacionalizar a ação maçônica na sociedade. Trata-se de um projeto dinâmico e versátil que contempla as particularidades de cada Loja, uma vez que são os Irmãos do quadro da Loja, que definem e estabelecem os objetivos que irão nortear as suas ações estratégicas e operacionais como um todo. Do consenso do grupo será obtido o norte a ser seguido.

2. OBJETIVOS

“Quando a Loja tem um senso claro do seu objetivo, do seu rumo e da posição desejada para o futuro, e quando essa imagem é amplamente compartilhada, o  maçom torna-se capaz de encontrar o seu próprio papel dentro da Loja e da Maçonaria.”

2.1 - Objetivo Geral
Apresentar uma metodologia que oriente e prepare a Loja e os Maçons para enfrentar os desafios existentes, preparando as bases para disseminação de uma nova filosofia de atuação.

2.2- Objetivos Específicos
a) Praticar uma maçonaria sustentada por uma política clara do papel da Loja dentro da comunidade.

b) Ampliar a faixa de atuação da Loja na sociedade de modo a ocupar os diversos espaços formais para o exercício da cidadania.

c) Colocar ao alcance da Loja e dos Maçons um conjunto articulado de ações que possa levá-los à realização pessoal.

d) Restabelecer o papel da maçonaria nas questões político-sociais.

Para que se possa atingir esses objetivos, é preciso estabelecer:


ü        A Visão e a Missão da Loja.

ü        Os Princípios da Loja.

ü        Os Fatores-Chave de Sucesso.

ü        As Diretrizes Globais.

ü        Os Objetivos Globais.

ü        As Estratégias.

ü        As Responsabilidades.

ü        As Metas.

Com este conjunto de medidas será possível dar o embasamento e sustentação ao desenvolvimento de uma nova cultura de atuação da Loja, junto a Obediência a que pertence e frente à Sociedade na qual se insere, assegurando a sua perenidade.

3. CONCEITOS

“O desempenho da sociedade moderna - ou até a sobrevivência de cada indivíduo depende cada vez mais do desempenho das instituições.”
3 .1- Visão

Visão é a imagem que a Loja tem a respeito de si mesma e do seu futuro. É o ato de ver a si própria projetada no espaço e no tempo.

Toda Loja deve ter uma visão adequada de si mesma, dos recursos que dispõe, do tipo de relacionamento que deseja manter com a sociedade e poderes constituídos.

Geralmente a visão está mais voltada para aquilo que a Loja pretende ser do que para aquilo que ela realmente é.

Dentro desta perspectiva, a Loja deve colocar a visão como o projeto que ela gostaria de ser dentro de um certo prazo de tempo e qual o caminho futuro que pretende adotar para chegar até lá.

Portanto, a visão é um enunciado claro e energizante do que a Loja aspira ser. A visão reflete uma expectativa de futuro formando uma imagem viva de um estado desejado que garanta a satisfação de todos os seus filiados.

Por outro lado, uma Loja maçônica não é apenas uma entidade filosófico filantrópica; é também uma organização não governamental. Portanto, o que ela precisa fazer é juntar os obreiros na forma de uma “comunidade atuante e responsável”, oferecer um mapa do caminho para o futuro e sugerir diretrizes de como devem agir e interagir para alcançar aquilo que vêem como desejável.
Pelo fato da maçonaria ser tão importante na vida dos maçons, os obreiros de uma Loja precisam ter uma noção clara sobre:

* Quais são as convicções fundamentais que a Loja defende? ® Princípios.

* O que a Loja deseja ser?® Visão.

* Como a Loja pretende chegar lá?® Missão.

* Com o que está comprometida e para onde está indo?® Objetivos Estratégicos.

 As respostas a essas perguntas formam os elementos essenciais da Visão. Antes de definir a Visão da Loja, o Venerável Mestre juntamente com os obreiros, precisam refletir:

ü        O que a Loja quer ser no futuro?

ü        O que queremos que as outras Lojas e o Grão-Mestre falem de nós, como resultado de nosso trabalho?

ü        Como se afigurará a Loja para nós e para as nossas coirmãs quando atingirmos essa Visão?

ü        Qual o papel de cada irmão na Visão de futuro?

ü        Quais princípios são mais importantes para nós?

ü        De que modo essa Visão representa os interesses dos maçons e os princípios que prezamos?

Uma Loja só poderá atingir a grandeza, se os obreiros que a compõem aceitarem a necessidade de maior atuação na comunidade e se esforçarem para alcançar tal desempenho.

Isso posto, a Loja poderá definir a VISÃO como uma imagem compartilhada daquilo que ela deseja ser, expressa em termos de sucesso aos olhos de seus membros cuja aprovação possa afetar seu destino.

3.1.1- Enunciado de Visão

A Loja (Venerável Mestre e obreiros) precisa enunciar uma Visão de modo simples e repeti-la com freqüência.

O enunciado de Visão ideal é:

* Claro;

* Envolvente;

* Motivador;

* Fácil de memorizar;

* Compatível com os princípios da Loja;

* Ligado às necessidades dos maçons;

* Visto como um desafio, ou seja, difícil, mas não impossível;

* Expressão de uma aspiração da Loja;

* Atingível num prazo de tempo específico.

3.1.2- Exemplo de Visão (Para uma Loja Maçônica)

Exemplo 1 - “Desejamos ser a melhor Loja maçônica do Brasil e sermos reconhecidos pela nossa excepcional contribuição à humanidade”.

O enunciado poderia ser, também, algo como se segue adiante, porém, como os Irmãos podem notar, uma Visão dessa natureza seria de difícil memorização:

Exemplo 2 - “Queremos entrar no terceiro milênio como uma das maiores e melhores Lojas Maçônicas do Brasil quanto ao nível intelectual de nossos obreiros, qualidade de nossas reuniões e instruções, excelência na preparação dos nossos aprendizes, companheiros e mestres, bem como na atuação político-social, contribuindo para o engrandecimento da Maçonaria, dos Maçons e da sociedade e sermos reconhecidos pela nossa excepcional contribuição à humanidade”.

 3.2- Missão

As Lojas não são criadas a esmo. Elas existem para fazer alguma coisa. Todas as Lojas têm uma missão a cumprir. A missão representa a razão da existência de uma Loja. Significa a finalidade ou o motivo pelo qual a Loja foi criada e para o que ela deve servir.

Portanto, a Missão consiste na declaração escrita da Loja explicitando como atuará para alcançar os seus objetivos no sentido de tornar a visão uma realidade.

Uma definição da missão da Loja deve responder a três perguntas básicas: Quem somos nós? O que fazemos? E por que fazemos o que fazemos?

3.2.1- Enunciado de missão

O enunciado de missão deve ser:

* Definidor - define propósitos, premissas, princípios e meios.

* Identificador - torna claro a que se refere.

* Conciso - esclarece a missão e transmite uma mensagem forte.

* Aplicável - quem lê deve ter uma idéia clara de como será seu funcionamento e que tipo de ações estão envolvidas.

* Memorável - todos podem se lembrar dele com facilidade.

 3.2.2- Exemplos de Missão (Para uma Loja maçônica):

Exemplo 1: “Prestar nossa contribuição no campo político e social, de modo a atender às expectativas dos maçons, do Grão-Mestrado e da sociedade”.

Exemplo 2: “Identificar problemas sociais, e por meio de debate e análise crítica, propor soluções aos poderes constituídos, contribuindo assim para o exercício da cidadania e promoção da justiça social”.

Vale ressaltar que se trata apenas de exemplo. Cada Loja deverá, por meio de seu quadro de obreiros, desenvolver a sua Missão coerentemente com a visão e princípios compartilhados.

3.3- Princípios (= crenças, credos ou valores) (Volta)

Conjunto de valores que orientam o comportamento da Loja, formando a sua identidade corporativa pela qual é reconhecida e respeitada.
O estabelecimento dos princípios deve ser compartilhado por todos os obreiros da Loja para assegurar o comprometimento dos Irmãos. O consenso é muito importante nesta etapa do trabalho.

Se algum dia a Loja tiver que mudar algum de seus princípios, deve fazê-lo lentamente, pois eles devem ser uma fonte de estabilidade num mundo que muda rapidamente.

3.3.1- Exemplos de Princípios:

Os princípios da Loja devem ser descritos em forma de enunciado, usando-se substantivos para descrevê-los, contendo implícita ou explicitamente, as seguintes convicções:


·  Ética

·  Respeito

·  Honestidade

·  Comprometimento

·  Fraternidade

·  Responsabilidade

·  Outros.


 Em síntese, princípios representam aquilo que os Irmãos da Loja acreditam e depois de estabelecidos passam a ser respeitados.



3.4- Fatores-Chave de Sucesso (Volta)

Representam os atributos que a Loja deve dispor para ser bem sucedida em seus propósitos. São estabelecidos em função da visão e missão da Loja.

3.4.1- Exemplos:


* Imagem.

* Qualidade das sessões.

* Dinamismo dos obreiros.

* Participação.

* Etc.


3.5- Diretrizes estratégicas

Em certa medida, as diretrizes estratégicas influenciam e são influenciadas pela análise ambiental, uma vez que, envolvem aspectos amplos de atuação que servem como base para o direcionamento estratégico da Loja como um todo. Elas são importantes no processo de seleção e dimensionamento dos objetivos estratégicos. Em termos conceituais, elas podem ser definidas como sendo conjunto de indicações de caráter amplo que direcionam o comportamento da Loja como um todo e orientam o raciocínio no processo de tomada de decisão para escolha dos objetivos estratégicos.

3.5.1- Exemplos de diretrizes estratégicas:

Exemplo:

1. Expandir, continuamente, o quadro da Loja buscando nos candidatos princípios éticos e morais compatíveis com os princípios maçônicos, e alta capacidade intelectual de forma que possam contribuir com o desenvolvimento da Loja e da Maçonaria.

2. Atender, com excelência, as expectativas dos obreiros com relação às instruções e ensinamentos maçônicos.

3. Promover melhorias contínuas nas instruções maçônicas por meio da implantação de sistema de avaliação do aprendizado.

4. Incentivar e promover a participação dos Irmãos na pesquisa e no desenvolvimento de assuntos maçônicos, sociais e políticos.”

3.5.2- Características a observar

Usar verbos de ação no infinitivo tais como: promover, desenvolver, expandir, incentivar.

3.6- Objetivos estratégicos

São Alvos - resultados esperados ou estados futuros desejados - a serem atingidos pela Loja como um todo, em um período plurianual considerado.
Devem ser estabelecidos para alcançar ou conservar níveis de desempenho, no mínimo satisfatórios, da Loja relativamente a cada um dos fatores-chave de sucesso estabelecidos.

Os objetivos devem expressar, em termos concretos, o quanto a Loja quer atingir e em que prazo. Devem, obrigatoriamente, conter os seguintes elementos: o que, quanto e quando.

3.6.1- Exemplos de Objetivos:

* Aumentar o quadro em (X%) no período 2003-2006.

* Reduzir para (X%) a ausência dos Irmãos nas reuniões da Loja no período 2003-2006.

* Aumentar para (X) o número de Lojas praticantes do Rito de York no período 2003-2006.

3.6.2- Características a observar

Para que a definição dos objetivos seja eficiente, deve-se observar as seguintes características:


* Participação

*Co-responsabilidade

*Comprometimento

*Especificidade

*Desafio

*Amplitude

* Prioridade.


Ao formular a redação dos objetivos, usar verbos de ação no infinitivo, tais como: aumentar, manter, diminuir. Sugere-se estabelecer no mínimo 3 e no máximo 5 objetivos estratégicos.

3.7- Estratégias

São os meios ou caminhos adotados pela Loja, visando atingir os objetivos estratégicos. Para cada objetivo estratégico, a Loja deve estabelecer, no mínimo, uma estratégia. O ideal é estabelecer 3 ou 4 estratégias para cada objetivo, visando garantir o alcance do objetivo determinado.

3.7.1- Exemplos de estratégias:

a) Estratégias para “Aumentar o quadro em (X%) no período 2003-2006”:

* Estabelecimento de metas anuais de iniciações.

* Estabelecimento de metas anuais de filiações.

b) Estratégias para “Reduzir para (X%) a ausência dos Irmãos nas reuniões da Loja no período 2003-2006”:

* Planejar calendário de eventos para o ano.

* Ampliar a quantidade de palestras com personalidades maçônicas.

* Cumprir o regulamento geral, com rigor.

c) Estratégias para “Aumentar para (X) o número de Lojas praticantes do Rito de York no período 2003-2006”:

* Ampliar convites para demonstração da ritualistica.

* Divulgar a versatilidade do Rito.

3.7.2- Características a observar

Os critérios a seguir relacionados devem ser utilizados para auxiliar a Loja no processo de seleção de estratégias, uma vez que uma das maneiras de reduzir o número de alternativas é eliminar aquelas que:

a) Não aproveitam as potencialidades da Loja;

b) Não reduzem vulnerabilidades;

c) Não eliminam ameaças do ambiente externo;

d) Deixam de explorar as oportunidades do ambiente externo.

3.8- Metas

São alvos estabelecidos para o curto prazo. No máximo 1 ano. Portanto, podemos conceituar as metas como sendo o desdobramento do “quanto” do objetivo estratégico para um período determinado.

3.8.1- Exemplos de Metas:

* Iniciar “N” novos candidatos a cada trimestre em 200x.

* Realizar “N” palestras, a cada trimestre, com personalidades maçônicas em 200x.

* Fundar “N” Lojas no Rito de York em 200x.

çõe � o s �� �� oficinas têm o dever de orientar todo o rito, de alto a baixo da pirâmide filosófica cuja base é o simbolismo.

Ora, a observância de um ritual não deveria passar pelo seguimento cego das letras usadas nas frases que o compõem, e sim, pelo cumprimento dos diferentes momentos da seqüência ritualística preconizada pelas obediências, sempre respeitando a história, a tradição e os mistérios da Maçonaria. Os textos litúrgicos, assim, serviriam de linhas mestras a serem obedecidas, sob a supervisão constante do Guarda da Lei, que teria, aí sim, em sua mesa, um ritual à sua disposição, para que possa intervir quando da ocorrência de algum erro ritualístico crasso, solicitando a sua correção. O Rito de York, por exemplo, não permite a leitura de rituais, durante as suas sessões, o que está absolutamente certo.

Portanto, sendo o ritual uma linha mestra não calcificada em palavras obrigatórias, não existiria a necessidade de revisá-lo e reimprimi-lo tão seguidamente, bastando que os candidatos a Venerável Mestre, Vigilantes, Orador e outros cargos-chaves fossem submetidos, obrigatoriamente, a sessões de instrução e exame de suficiência, que os habilitariam ao exercício efetivo do cargo. Lembremo-nos de que, na maioria das obediências, o interstício mínimo para que um Mestre possa ser Vigilante é de três anos e, para Venerável mestre, cinco anos. Esses períodos são mais do que suficientes para o aprendizado das seqüências ritualísticas obrigatórias para a condução dos trabalhos da loja.É claro que algumas sessões vão apresentar um maior grau de dificuldade, por serem raras, como é o caso da confirmação de casamento, adoção de lowtons, mesa de banquete ou pompas fúnebres. Neste caso, admite-se que sejam feitas leituras dos trechos mais longos ou complexos, assim mesmo, parcimoniosamente. 

O fato é que a liturgia não se beneficia da leitura dos rituais e não é melhor executado por conta dela. Ao contrário, por não conhecerem os rituais de cor, é muito freqüente que os erros de leitura comprometam a beleza e a emoção das sessões, particularmente as magnas, diminuindo a influência positiva que deveriam ter sobre as mentes e os espíritos dos obreiros presentes. Ler mal é pior do que improvisar e compromete muito mais do que dizer uma frase ritualística de cor, ainda que com palavras diferentes das escritas. Aliás, pergunta-se qual é a diferença entre dizer-se “Reina silêncio na coluna do Sul, Irmão 1.º Vigilante” ou “Reina silêncio na coluna do Meio-Dia, Irmão 1.º Vigilante” ou, ainda, "Reina silência em minha coluna, Irmão 1.º Vigilante"? O importante, neste caso, é a informação de que ninguém mais vai usar a palavra na coluna do Sul, a qual poderá, então, ser concedida na coluna do Norte. Outro exemplo, é o anúncio do início dos procedimentos de fechamento da loja, quando os vigilantes dizem “Irmãos que abrilhantais (ou decorais) a coluna do Norte (Sul), eu vos anuncio, da parte do Venerável Mestre que ele procederá ao fechamento desta loja de aprendizes maçons”. Se compararmos aos rituais existentes, muitas vezes estas palavras são ligeiramente diferentes, às vezes nem são mencionadas, mas sempre deverão produzir o mesmo efeito. Então, por que não dizê-las de cor?

Ao defendermos a eliminação das leituras desnecessárias, em loja, temos a intenção de tornar o trabalho ritualístico mais fluído, mais natural e sem complicação, permitindo que o Venerável Mestre conduza a sessão com simplicidade, sem receios nem afobações, dialogando com os seus oficiais de forma natural e sem os deslizes de leituras mal feitas. O Guarda da Lei, neste caso, reassume a sua função essencial que é o de assegurar a observância da ritualística obrigatória, corrigindo, prontamente, eventuais desvios e assegurando a pureza litúrgica. É certo que, com o passar do tempo, os erros diminuiriam e os trabalhos correntes ou magnos das oficinas poderiam ser, costumeira e corretamente, declarados justos e perfeitos.

José Prudêncio Pinto de Sá – 122.900
Mestre Maçom (Instalado) – REAA
Loja Hermes 3608, Santa Maria, RS