Simbologia de Instrumentos e Utensílios do A:. M:. na Primeira Instrução – R.E.A.A.

DEFINIÇÕES
Quando lemos uma das mais comuns definições da Maçonaria: "É um sistema de moral velada por Alegorias e ilustrada por Símbolos", notamos, desde o início, a presença das palavras Alegorias e Símbolos.

De início, poderíamos fazer uma distinção: as Alegorias são os véus que ocultam os verdadeiros sentidos das coisas, enquanto que os Símbolos procuram transmitir idéias.

Neste sentido, Alegoria será exatamente como está definida no Aurélio: "Ficção que representa uma coisa para dar idéia de outra". Alguns autores dividem-na em apólogos e parábolas. Os apólogos encerram, sempre, uma lição de Moral, como nas fábulas de La Fontaine, enquanto que as parábolas trazem uma doutrina religiosa. Jesus Cristo, em suas pregações, falava, quase sempre, através de parábolas.

O Símbolo sempre representará uma idéia, não sendo o desenho em si. O sentido que ele encerra é muito mais profundo, traduzindo a ideia que lhe deu origem. Desta forma, torna-se difícil interpretar um Símbolo, pois ele pode ser analisado sob diversos aspectos.

2 – A SIMBOLOGIA

Nós iremos tratar, com mais profundidade, aquilo que está relacionado com os Símbolos que estão diretamente relacionados à primeira instrução do grau de aprendiz do REAA, que é o nosso principal objetivo neste pretenso trabalho.

A Maçonaria é uma sociedade iniciática extremamente simbólica, procurando transmitir seus conhecimentos, sua tradição, sua filosofia, a todos os seus Iniciados, através de uma variada Simbologia.

Anteriormente dissemos que um Símbolo pode ter diversas interpretações. Essas interpretações podem ter caráter pessoal, pois a partir do momento em que o Símbolo pretende transmitir uma idéia, esta será entendida de acordo com o conhecimento e nível intelectual de cada indivíduo.

É evidente, também, que um Símbolo, sendo analisado sob uma linha de pensamento, terá determinado valor. Se mudarmos a linha de pensamento, o mesmo Símbolo poderá ter novo valor.

Outro aspecto que merece ser destacado é de que todo o Símbolo pode ser visto sob três aspectos: o literal, o figurado e o oculto.

Para explicar estes três aspectos preferiu-se utilizar como exemplo. A "Pedra Bruta":

ASPECTO LITERAL -  não passa de um pedaço de rocha colado em um canto da Loja. Neste sentido não haverá o menor valor para nós.

ASPECTO FIGURADO -  Podemos entendê-la como o local onde todos os Maçons iniciaram seus Trabalhos dentro da Maçonaria. Isto é, o local onde todos nós começamos nosso aprimoramento.

ASPECTO OCULTO -   "Pedra Bruta" pode significar a nós mesmos, passando por um contínuo processo de polimento, em busca de um aperfeiçoamento maior, a cada instante. Não podemos nos esquecer que seremos, sempre, os Eternos Aprendizes.

3 – OS SÍMBOLOS APRESENTADOS NA PRIMEIRA INSTRUÇÃO - REAA


Aqui, vamos estudar a  RÉGUA, o MAÇO e o CINZEL.


Em primeiro lugar vamos apresentar dois aspectos que são aceitos, praticamente, por todos os autores.


No grupo acima citado são chamados de instrumentos ativos:  o Malho e  a Régua. Estes instrumentos são, em geral, relacionados como Espírito e com o lado masculino.


O Cinzel  é chamado instrumento passivo, sendo um dos instrumentos em geral, relacionado com a matéria e com o lado feminino.

O segundo aspecto é o sentido geral de cada um deles:


A RÉGUA – Precisão de execução


O primeiro dos instrumentos apresentados ao Aprendiz, no Rito Escocês Antigo e Aceito é a chamada Régua de 24 Polegadas. Trata-se de um instrumento ativo, cuja primeira idéia que nos impõe, é a da medida. Com ela podemos traçar as retas e os ângulos e, portanto, delinear nossos trabalhos. Dá-nos, a um só tempo, a noção da retidão e do infinito, pois toda a reta é infinita.


Com suas 24 Polegadas, pode nos dar a noção do tempo, das 24 horas do dia. Isto pode significar que podemos, não só delinear o trabalho, mas também calcular, exatamente, o tempo e o esforço que será despendido neste mesmo trabalho.


O MAÇO ou  MALHO – Vontade na ação.


O Maço é um instrumento de trabalho dos mais utilizados pelo Aprendiz. Em seu primeiro trabalho, o Aprendiz começa a desbastar a Pedra Bruta e, a partir daí, tem início seu eterno aprimoramento.


Considerado como um instrumento ativo, é o Símbolo da vontade, da força, do trabalho, da determinação. Não devemos nos esquecer que o Malhete, nas mãos dos Veneráveis e Vigilantes, nada mais é do que um pequeno Malho. Aqui ele representará o poder e a autoridade de quem dirige.


Um aspecto fundamental na utilização deste instrumento é o do discernimento e lógica que devem conduzir a vontade. Utilizando ao acaso, com força apenas, ele passará a ser um instrumento de destruição, incompatível com a Maçonaria.


O CINZEL – Discernimento na investigação


Instrumento considerado passivo, companheiro inseparável do Malho. Destina-se a receber a aplicação da Força do Malho, dando-lhe direção. Indispensável no polimento da Pedra Bruta. Enquanto o Malho simboliza a Força do 1º Vigilante, o Cinzel representa beleza, atributo do 2º Vigilante.


Sendo seguro sempre pela mão esquerda e movido pelo Malho, vai produzindo o desbaste da Pedra Bruta, produzindo a Beleza final. Simboliza, desta forma, a Educação, a Inteligência, o Aperfeiçoamento. Para alguns, é o Símbolo do trabalho do homem sobre si mesmo, em busca do eterno aprimoramento.

4 – O Aprendiz Maçom e a P:. B:.





Aprendiz é aquele que aprende um oficio, ou uma arte. Em Maçonaria é o primeiro Grau do Símbolo e refere-se ao neófito, ao principiante, que, simbolicamente, está aprendendo a arte de construir, ou Arte Real. O trabalho do Ap:. é na P:. B:. , que deve ser desbastada e esquadrejada pôr ele, para se tornar cúbica. Evidentemente, isso é apenas Simbólico, em alusão aos antigos Maçons de Oficio, verdadeiros construtores. Trabalhar com a pedra era parte importante da atividade medieval. No final do século XIV, as agremiações de Maçons operários tinham desenvolvido um regulamento que incluía uma história lendária, valores morais e profissionais, procedimentos formais para a admissão de novos membros e regras para a formação e a disciplina. A Franco-Maçonaria deve grande parte de sua estrutura organizativa a essas agremiações. (“A construção de doze igrejas pelo conde de Roussilon e sua esposa”, manuscrito francês, 1448).





5 – CONCLUSÕES


Diante das dificuldades existentes para a interpretação dos Símbolos e considerando a imensa quantidade de correntes de pensamentos existentes na Maçonaria, a exposição dos valores simbólicos dos instrumentos aqui apresentada, pretendeu apenas e tão-somente, mostrar as mais simples interpretações dos Símbolos da antiga Maçonaria Operativa. Não tivemos a pretensão de esgotar o assunto e muito menos fazermos exercícios mentais para encontrarmos novas e mirabolantes explicações, inclusive porque nossa condição de neofilos, assim não nos permite.


Todavia, se nossos objetivos foram alcançados, ao menos parcialmente, podemos nos dar por satisfeito e com a pretensão de termos cumprida nossa primeira missão.


Uma vez cumprida a missão, agradecemos ao Ven:. Mestre, Ex-VVen:. MM:., Autoridades constituídas e a todos os IIr:. pela paciência e a atenção que nos fora concedida desde o inicio até agora, e finalmente apresento a BIBLIOGRAFIA utilizada para a sua composição:


Foram utilizados  dois Trabalhos de autoria dos Irm:. Joaquim Roberto Pinto Cortez - Or:. De Marília – SP, e, Noticiário Cultural -José Castellani –Boletim do Grande Oriente do Brasil, sendo ambos encontrados nos “sites”  da internet “A Trolha” e “Lojas Maçônicas”.


Trabalho apresentado nesta data (29 de Maio de 2000) pelos IIrm:. AA:. MM:.
-          Irm. Jairo Bonifácio – Loj:. Cavaleiros Noaquitas “169” – Or:. de Santos
-          Irm. Marcelo S. Marques – Loj:. Cavaleiros Noaquitas “169” – Or:. de Santos
-          Irm. Ronaldo Nunes – Loj:. Cavaleiros Noaquitas “169” GOP – Or:. de Santos