Rui Barbosa




Inquietação permanente, sempre disposto a mudar as coisas para melhor. Esta, sem dúvida, foi a principal característica do eminente brasileiro Rui Barbosa de Oliveira, baiano de nascimento (Salvador, 05/11/1849), obviamente brasileiro e universal por sua própria grandeza. Talvez por isso ele tenha dito: “sou pequeno, mas fito os Andes!”.

Para um homem com marca tão profunda de renovador, o caminho seria mesmo a Maçonaria, justificando o aforismo de que “o bom maçom nasce feito”. E eis que o profano Rui é iniciado na Ordem, quando ainda acadêmico de Direito, na famosa Faculdade das Arcadas, em São Paulo, tornando-se membro-irmão da Loja América, do Grande Oriente Unido (SP), em 01/07/ 1869.

Antes, durante e depois,  ou melhor, Rui Barbosa continuaria na mesma linha de bom combate  durante e depois de engajar-se na Ordem,  caracterizando-se a mesma linha de ação do “antes”. Bacharelando-se em Direito em 1870, dois anos depois vamos encontrá-lo na terra natal, Salvador, combatendo lealmente em trincheira aberta com sua mortífera munição texto e palavras. Assim nas colunas do Diário da Bahia e  nos palanques dos comícios, atacou firme e exigindo eleições diretas e a abolição da escravatura.

Respeitado e temido por seus adversários, continuaria vergastando o que considerava errado, até que em 1889 ocupou a Pasta da Fazenda, na gestão Deodoro da Fonseca, dando à política financeira orientação fortemente industrialista. Sua administração foi interrompida em 1891, com a renúncia coletiva do ministério. E sua opção, daí por diante, seria a política de direito porque a de fato ele já a exercia.

Candidato derrotado duas vezes à Presidência da República, primeiro contra Hermes da Fonseca (1910) e depois contra Epitácio Pessoa (1919), nesse meio tempo o seu talento se sobressairia (mais uma vez) ao ser nomeado pelo presidente Afonso Pena como chefe da delegação brasileira á II Conferência da Paz, reunida em Haia, onde defendeu o princípio da igualdade das nações.

Como escritor Rui Barbosa deixou inúmeras obras importantes, a exemplo de Reforma do ensino secundário e superior e Reforma do ensino primário. Mas a sua obra mais comentada foi O Papa e o Concílio, tradução do volume de Johan Von Dollinger (1799-1890), em cuja longa introdução critica duramente a atitude assumida por Pedro II na questão religiosa.

Mas foi como senador da República, reeleito quatro vezes de 1890 a 1915, a grande contribuição de Rui à sociedade, invocando preceitos da Maçonaria, redigindo o seguinte projeto transformado em lei maçônica:

a) Todas as Lojas são obrigadas a lutar pela emancipação dos escravos e educação do povo;

b) Nada menos de 1/5 da receita maçônica devia ser utilizada para o alforriamento dos escravos;

e) A Maçonaria comprometia a engajar-se na campanha das escolas gratuítas de ensino primário para crianças e adultos;

d) Ninguém será aceito na Maçonaria sem jurar que libertará suas crianças escravas do sexo feminino;

e) Todos já iniciados são obrigados a fazer o mesmo sob pena de expulsão.


Aos 74 anos. Rui Barbosa faleceu no dia 1º de março de 1923, em Petrópolis, Rio de Janeiro.