No centro da estrela flamejante está colocada a letra “ G “. Essa letra é incontestavelmente um enigma maçônico, e sobre ela paira um mistério que provocou um numero infinito de interpretações e comentários, às vezes judiciosos, mas muitas vezes também muitos fantasiosos.
A letra “ G “ , em sua grafia atual. É de origem recente. Primitivamente, o G tinha o mesmo valor fonético do C; é assim que, no latim, encontramos indiferentemente as formas Caius ou Gaius, Cnoeus ou Gnoeus, etc. Quando o C se tornou quase que absolutamente um homófono do K, fez-se sentir a necessidade de representar o som G por uma outra letra. Foi na segunda metade do século V de Roma que se inventou essa letra que, visivelmente, é uma simples modificação do C.
Para J. M. Ragon, a letra G, quinta consoante do alfabeto, é a inicial da quinta ciência: a Geometria. É nela e nas matemáticas que vamos buscar o brilho dessa verdade luminosa que deve espalhar-se sobre todas as operações do espírito. Entre diversos povos do Norte, é a inicial do G.´.A.´.D.´.U.´.. Essa letra tomou o lugar do Iod Hebraico, inicial de Ihoah (Jehovah), de que se serviam, por abreviação, os Hebreus.
Reconhecemos ainda o trigrama Iod entre os povos do Norte, nos nomes que eles dão a Deus: o sírio diz Gad; o sueco, Gud; o alemão, Gott; o inglês, God; o persa, Goda, derivado do prenome absoluto que significa Ele-mesmo. De Gott, os alemães fizeram o adjetivo gut, bom ou bem e gotz, ídolo. Os gnósticos (conhecedores ou clarividentes) possuidores da Gnose, ou verdadeira ciência, têm a mesma inicial.
Oswald Wirth observa: Não se fala da Estrela Flamejante ou da letra G em nenhum ritual anterior a 1737, época aproximada na qual esse emblema foi adotado pelas Lojas Francesas, apaixonadíssimas pela filosofia hermética. Além do mais, os Maçons do século XVIII professaram imediatamente uma espécie de culto pela letra G, e ainda, segundo os termos dos mais antigos catecismos franceses, eles declaravam se terem feito receber como Companheiros pela letra G. Quanto ao significado dessa letra, seria preciso buscá-lo nas palavras: Glória, Grandeza, Geometria (Glória para Deus, Grandeza para o Mestre da Loja, Geometria para os IIr.´.).
Wirth diz ainda, que a lera G é a terceira dos alfabetos mais antigos; primitivamente, ela teve a forma de um esquadro. Em sua forma latina, ela acrescenta ao esquadro uma circunferência aberta. O ideograma alquímico do Sal transforma-se em G, quando desenhado por um único traço, sem que suas extremidades se toquem; mas, unindo o circulo ao esquadro, a forma usual da letra G conseguiu acabar de seduzir os criadores do simbolismo moderno. Lembremo-nos de que, para Wirth o Sal significa a “Sabedoria que concebe” e notemos que essa interpretação ideográfica é destituída de qualquer fundamento
Existem ainda outros estudiosos maçons como por exemplo Ribaucourt que acham que a letra G da Estrela Flamejante nada mais é do que o Gamma maiúsculo que tem a forma de um esquadro. Ele escreve: “Essa letra perpetuou-se nos primeiros séculos da era vulgar entre as sociedades simbólicas, que seria inútil enumerar; enfim, foram nossos ancestrais, os franco-maçons de profissão, construtores de igrejas, mais preocupados com a forma do que com o fundo, que adaptaram o seu símbolo, o esquadro, a seus mistérios, e substituíram o símbolo geométrico do esquadro pelo símbolo antigo da letra Gamma. A forma era a mesma, mas o símbolo mudava de significado. Por isso, os franco-maçons que os substituíram sentiram a necessidade de restabelecer a letra Gamma, tomando porém como símbolo a letra G, a quinta consoante do nosso alfabeto. Esse “ G ” foi, portanto, o equivalente do Gamma grego. As duas letras G e Gamma, tinham aliás a mesma consonância.
Para os anglo-saxões, muito deístas, a letra G não pode ser outra senão a inicial de God, Deus.
A letra G, diz René Guénon, que concorda com Ragon, deveria ser, na realidade, um Iod hebraido, pelo qual ela foi trocada, na Inglaterra, como conseqüência de uma assimilação fonética de Iod com God, o que, aliás, não lhe muda o sentido.
Temos ainda outras relações ou coincidências a respeito da letra G; no terreno eclesiástico, é a sétima das letras denominadas de “dominicais”, e marca o domingo no calendário nos anos em que este dia da semana cai no dia 7 de janeiro. Nos idiomas hebraico e grego representa o número três.
Sabemos também que historicamente por ocasião da Grande Convenção realizada na Inglaterra em 1721, pelos Altos Corpos da Franca, Suíça e Alemanha, concordou-se, pela primeira vez, em colocar a letra “G” dentro do Compasso e Esquadro entrelaçados, para estabelecer o emblema universal da Maçonaria e que hoje denominamos de “ Escudo Maçônico ”.
Nos rituais modernos temos cinco significações para a letra G: Gravitação – Geometria – Geração – Gênio – Gnose, mas, mesmo assim, ainda temos muitos estudiosos maçônicos e profanos tanto da antiguidade como da atualidade que associam algumas palavras iniciadas com G à nossa letra G e esta é uma novela que provavelmente perdurará por muitos anos e uma coisa é certa; se os antigos iniciados pretendiam transmitir-nos um segredo, temos de convir que se trata de um segredo muito bem escondido.
Para um Comp.´. M.´. a letra G constitui, simbolicamente, o principio de seus estudos, que devem se iniciar, sob os auspícios do G.´.A.´.D.´.U.´. ou Grande Geômetra.
Bibliografia:
- Simbolismo do Segundo Grau de Rizzardo da Camino
- A simbólica Maçônica de Jules Boucher
- Breviário Maçônico de Rizzardo da Camino
- Grau do Companheiro e seus Mistérios de Jorge Adoum
Luiz Alberto Beraldi - C.´.M.´.
Or.´.de São Paulo 22 de dezembro de 2005 . E.´.V.´.