Preciso ti contá essa istória!
Estava eu, noite dessas, procurando uma loja pra comprá materiá di construção, quando encontrei um bruta predião. Tudo acesso. Cheio de gente. Êta turma boa! Perguntei: é aqui a loja de pedreiro?
Invés dei reposta foi só abraços.
Gente sabida, Zé. Descobriram logo que sou mecânico - todo mundo perguntava onde ficava minha oficina.
Lojona bonita aquela! Quadros, tapetes, ar condicionado e até livro de visitantes... e precisava assinar.
Gozado que com aquele colarão doido, eles não tinham termômetro e queria saber quantos graus tava fazendo. Devia estar mais de 30 , então, carquei lá no livro: 33ª. Acho qui acertei na mosca, porque todo mundo começou a me abraçar bastante.
Dispois entrou todo mundo pru salão, onde estavam as mercadorias. Tinha colher de pedreiro, compasso, régua, esquadro e até pedras. Tinha também mesas e cadeiras que não acabavam mais. Algumas dessas mesas estavam com um tampo solto, porque uns caras pegaram uma martelinho e começaram a bater nelas. Até a porta estava empenada, porque um cara tentava arruma ele com um espeto.
Dispois pensei que um sujeito sentado lá em cima era cego. Ele perguntava: onde tem assento fulano... onde tem assento sicrano... queria saber porque eles estavam sentados lá e queriam saber que horas eram.
Coitado! Teve um espírito-de-porco que disse que era meio dia em ponto e ele acreditou.
Depois acabou indo outros sujeitos perto dele e um deles reclamou de um tal de Aarão, que fez um estrago danado com o óleo. Disse que esse tal Aarão derramou o óleo na cabeça, na barba e no vestido de uma tal de Dona Orla.
Zé, confirmei que o cara era mesmo cego, porque ele falou que a loja estava aberta e, quando olhei para a porta, vi que estava fechada.
Zé, nessa hora notei que até lá tu era conhecido. Sentiram tua falta e começaram a perguntar: E O Zé?... E O Zé?... E O Zé?...
Dispois agüentei um tempão um cara falando um monte de coisa que eu não entendia. E, até enfim mandaram fazer as propostas.
Veio outro sujeito recolher as propostas com um saquinho e, então, eu mandei lá: dava cinco paus naquela corda todo cheia de nós lá em cima.
Sabe, Zé, acho que fui munheca demais. Eles inventaram que estava chovendo, que tinha goteira e acabaram me botando pra fora.
Tá certo. Era justo. Era perfeito. Mas, bem que eles podiam fazer uma contra-proposta no preço da cordinha, né o zé?