AS COLUNETAS

Comp .·. M .·. Alessandro Goldner



1) INTRODUÇÃO: 
A arquitetura clássica grega influenciou toda a arquitetura ocidental através dos séculos, pelo seu valor intrínseco e pela disseminação feita pelos Romanos, seus grandes discípulos, em todas as províncias de seu império.

A arte sempre foi uma das mais importantes formas de expressão do inquieto espírito *helênico: antes mesmo de aprenderem a ler e escrever, os gregos já haviam criado admiráveis obras de arte.



2) HISTÓRICO: (arquitetura).
Entre 1400 e 1100 a.C., imponentes palácios e maciças fortalezas foram erigidas pelos **micênios . As mais importantes edificações comunitárias, porém, surgiriam bem mais tarde: O templo, durante o Período Arcaico; e o teatro, durante os Períodos Clássico e Helenístico.

Os templos, dedicados a um deus ou a um herói, eram construídos com pedras nobres (mármore, em geral) no alto de uma elevação, a acrópole. Eram precedidos de escadarias, cercados de colunas e decorados com esculturas em relevo nos espaços entre o teto e o topo das colunas; dentro, ficava a estátua do deus. O elemento mais característico dos templos, são as colunas.



3) COLUNAS SUAS ORDENS OU ESTILO:
ORDEM DÓRICA: A ordem dórica é a mais antiga, supostamente definida em suas características principais entre 600 e 550 a.C, época dos mais antigos vestígios de templos gregos conhecidos, como o templo de Artemisa, em Corfu. O termo “dórico” é relativo aos dóricos, povo que ocupou a Grécia Peninsular, a península de Peloponeso, a partir de 1200 a.C., onde se originou esta ordem.

A fachada de um templo dórico era dividida em três etapas fundamentais: a plataforma ou envasamento, as colunas e o entablamento. A plataforma era escalonada em degraus, o estereóbato (a infra-estrutura) e o estilóbato (piso onde nascem as colunas). As colunas eram divididas em: fuste, volume cilíndrico estriado (caneluras), assentado diretamente sobre a plataforma, com altura máxima equivalente a cinco vezes e meia o diâmetro, e capitel, a cabeça da coluna, formada pelo éqüino, também conhecido como coxim, e por uma peça quadrada que recebia a carga superior, o ábaco. O entablatamento, por sua vez, era constituído por três partes: a arquinave, viga monolítica de pedra que ligava uma coluna à outra e distribuía as cargas da cobertura pelas colunas; o friso, faixa decorativa formada por tríglifos e métopas; cornija, que configurava a cobertura propriamente dita, formada por triângulos, os chamados frontões, nas fachadas principais e posterior, e por faixas horizontais salientes nas fachadas laterais do templo.

* Helênico: Civilização Grega que modificou profundamente a cultura Romana – Período histórico que vai desde a conquista do oriente por Alexandre até a conquista da Grécia pelos Romanos.

**Micênio: Hab. de micenas (aldeia da Grécia antiga) no Peloponeso. Capital da Argólida, onde reinou Agamenon.

ORDEM JÔNICA: Posterior à ordem dórica, a ordem jônica desenvolveu-se a partir do século V a.C. na região ocupada pelo jônios a partir de 1.700 a .C., a região de Atenas, banhada pelo mar Egeu, fortemente influenciada pela então Grécia asiática, atualmente compreendida pela Turquia. Os melhores exemplos da arquitetura jônica estão nos templos da Acrópole de Atenas.

Na ordem jônica é marcante a influência oriental, com a adoção de motivos orgânicos, notadamente das colunas. Há uma hipótese de que a coluna jônica tenha sido “importada” da arquitetura dos tempos egípcios, esta fortemente adornada por motivos vegetais, como palmeiras, videiras e papiros.

A divisão fundamental da fachada de um templo jônico era a mesma de um templo dórico. As diferenças davam-se nos detalhes de cada componente e inclusão de elementos novos ou exclusão de outros. A plataforma, também escalonada, diferenciava-se pelo estereóbato e estilóbato dotados de frisos rebaixadores inferiores. As colunas, mais detalhadas que as dóricas e com menor grau de entasis, acrescentavam um elemento novo, a base, chamada de plinto, formada por um corpo convexo e um côncavo, que dava apoio a um fuste mais delgado, com altura equivalente a nove vezes o diâmetro, também estriado, mas com um número maior de caneluras; o capitel introduz também uma novidade entre o conxim e o ábaco, as volutas, elementos nitidamente decorativos de inspiração orgânica (vegetais, segundo alguns, ou penteados das mulheres gregas, segundo outros). No entablamento, a arquitrave, que tinha as mesmas funções da ordem dórica, era dotada de estrias horizontais, dividindo este elemento em três faixas; o friso não dispunha de tríglifos e métopas, mas era normalmente decorado com figuras humanas e de deuses em baixo relevo; já a cornija, não guardava diferenças significativas das cornijas dóricas.

Dentro da ordem jônica , existiu uma variante no desenho das colunas, as chamadas cariatides, que eram colunas em forma de mulheres, em homenagem às jovens da região de Caria, na Grécia asiática, que foram escravizadas como parte do acordo feito com os Persas. O Templo de Erecteion, de estilo jônico, apresentava uma tribuna anexa sustentada por caríatides.

ORDEM CORÍNTIA: A ordem coríntia é uma evolução da ordem jônica, no sentido de uma maior valorização da ornamentação, tendência marcante entre o final do século V e o início do século IV a .C. O nome é relativo à Corinto cidade rival econômica e cultural de Atenas, caracterizada pelo luxo e pelo alto padrão de vida de seus habitantes.

A diferença mais marcante da ordem coríntia para a jônica é o capitel das duas colunas, muito elaborado. Tinha a forma básica de um sino invertido, adornado por folhas e brotos de acanto, uma planta da região. Outra diferença, embora não tão marcante, era a altura das colunas, que correspondia a onze vezes o diâmetro, enquanto que as jônicas tinham altura de nove vezes o diâmetro.

Os romanos, sempre em busca de luxo e ostentação, foram os grandes divulgadores da ordem coríntia, adotando-a praticamente como padrão em suas obras.

Templo de Zeus em Atenas (Olympeion), o maior exemplo da arquitetura coríntia, século I a.C.


4) VISÃO MAÇÔNICA
Segundo nosso Ir.·. Castellani em sua obra: O Consultório Maçônico VI as páginas 148 e 149:

“A presença das miniaturas das colunas Jônica, Dórica e Coríntia, sobre o altar e sobre as mesas do 1º e 2º Vigilantes, respectivamente, é no Rito Escocês Antigo e Aceito, um simples elemento decorativo”

As miniaturas de colunas todavia serão fixas, não entrando em qualquer parte da ritualística. Algumas Lojas do Rito Escocês, tem copiado uma prática do Rito de Emulação (York): o abaixamento e levantamento alternado das colunas dos Vigilantes, de acordo com o andamento da Sessão.

No Consultório Maçônico IV à página 45: “O Rito Escocês Antigo e Aceito é muito bonito não necessitando da enxertia de Práticas de outros Ritos, vale a pena preservar a pureza original”.

Em sua “Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom”, de autor acima referido, ele traz à página 35... “só no Rito de York,é que as colunetas dos Vigilantes são movimentadas, tendo, as três, presença obrigatória, enquanto que nos demais Ritos, que eventualmente, as usarem, elas são fixas”.

Em artigo publicado A Trolha (1/01 – nº 171) o Ir.·. Breno Trautwein (in memoriam) refere que é fácil de notar certa permissividade de usar ou não usar a colunetas nos demais Ritos, originando a interrogação: se elas pertencem ou não pertencem ao Rito? Se pertencerem haverá obrigatoriedade de usá-las, logicamente, e se não pertencem não deverão ser usadas nem como enfeites, porquanto Templo Maçônico é lugar consagrado e não *“boudoir”

*Boudoir: Pequena sala de estar de senhoras onde predominam os adornos conforme o gosto das madames.

As colunetas possuem um profundo significado, sendo então representadas pela Sabedoria, Força e Beleza; que são também a sustentação de nossas lojas.

A Sabedoria, deve nos orientar no caminho da vida, sendo representada pela ordem Jônica estando ligada ao Venerável Mestre. A Força, nos animar e sustentar em todas as dificuldades., 1º Vigilante. A Beleza, adornar todas as nossas ações, nosso caráter e espírito, 2º Vigilante.

Estas três colunas representam também SALOMÃO, pela sabedoria em construir, contemplar e dedicar o Templo de Jerusalém ao serviço de Deus; HIRAM, rei de Tiro, pela força que deu aos trabalhos do Templo, fornecendo homens e materiais, e HIRAM-ABI, por seu primoroso trabalho em adorna-lo dando-lhe beleza sem par até hoje atingida



5) CONCLUSÃO: Isto posto, podemos perceber que alguns Ir.·. autores, resistem em complementar e/ou enriquecer, suprindo algumas deficiências que talvez possa existir em nosso Rito. Penso, que devemos sim lutar para manter nossos costumes e estarmos sempre atento, pois hoje vivemos em outra época e como tal as necessidades são outras. Os Ritos embora sejam independentes, acho que se completam. E na busca do conhecimento e do crescimento espiritual o bom senso sempre deve governar.



6) BIBLIOGRAFIA: 
* Decálogos do grau de aprendiz e companheiro - Reinaldo Assis Pellizzaro – 1ª edição 1996 
*As Colunetas no R.·. E .·. A .·. A .·. – Breno Trautwein. Artigo A Trolha 1/01 171. 
* A Simbólica Maçônica – Jules Boucher – 1979. 



Comp .·. M .·. Alessandro Goldner