Floriano Peixoto



Floriano Peixoto nasceu no engenho “Ria­cho Grande”, localizado na freguesia de Ipioca, atual distrito de Floriano Peixoto, do município de Maceió, aos 30 de abril de 1839. 

Dez dias após o nascimento de Floriano, o seu tio, o coronel José Vieira de Araújo Peixoto, proprietário de vá­rios engenhos de açúcar, entre os quais o Riacho Grande e o Ponte Grande este último também situado em Ipioca visitando o Irmão e a cunhada, mãe do futuro “Marechal de Ferro”, levou-o para criar. 

Com o padre Afonso Calheiros de Melo estudou Floriano Peixoto as primeiras letras, no engenho “Ponte Grande”, para onde havia transferido residência, o Cel. Vieira Peixoto. 

Algum tempo depois o seu pai ado­tivo internou-o no Colégio Espírito Santo, em Maceió. 

Em 1855, aos dezesseis anos de idade, seguiu Floriano para o Rio de Janeiro, onde se matriculou no Colé­gio São Pedro de Alcântara, dirigi­do pelo padre José Mendes de Paiva, ali completando os seus estudos pre­paratórios. 

A 1° de maio de 1857 assentou praça no 1° Batalhão de Artilharia no Rio de Janeiro, ingressando posterior­mente na Escola Militar. 

Tendo feito toda a campanha do Paraguai, para onde partira em 16 de fevereiro de 1865, com os galões de 1° tenente, no campo de batalha, por atos de bravura, obteve as patentes de ca­pitão e major. 

A 09 de agosto de 1884, Floriano Peixoto, então Brigadeiro, foi nomea­do Presidente e Comandante das Ar­mas da então Província de Mato Gros­so, cargo que ocupou até o dia 12 de outubro de 1885. 

Durante o período entre 1885 e 1890, conforme assinaturas registradas nos livros de presença e constatando-se em diversas ATAS da A.'.R.'.L.'.S.'. “PER­FEITA AMIZADE ALAGOANA” a participação do consolidador da Repú­blica, Iniciado a 15 de fevereiro de 1871, ele teria chegado a Maceió no final de outubro de 1870, obtendo li­cença de sessenta dias, a 9 de janeiro de 1871. 

Nomeado Ministro da Guerra, em 19 de abril de 1890, pelo Governo Provisório, em 25 de fevereiro de 1891, como Senador à Constituinte por Alagoas, foi levado, pelos votos de seus pares, ao cargo de vice-presidente da República, cuja presidência, exercida a partir de 23 de novembro desse mesmo ano, devido à renúncia do seu conterrâneo Marechal Deodoro da Fonseca, também Maçom, forçado, inclu­sive, pela revolta encabeçada pelo almirante Custódio de Melo. 

No dia 06 de setembro de 1893 eclodiu uma nova revolta, da parte da Marinha de Guerra do nosso país, co­mandada por aquele almirante, à qual mais tarde aderiu o almirante Salda­nha da Gama, visando a restauração da Monarquia. A luta chegou a ponto de fazer desanimar aos mais resolutos defensores da República. Somente Floriano não duvidou da vitória, que por fim lhe sorriu. E não foi uma vez só que assegurou: “Desta cadeira só duas forças são capazes de me arrancar: a lei e a Morte”. A vida de Floriano — o Consolidador da Repúbli­ca Brasileira—foi uma página brilhan­te de abnegação e altivez; seu passa­mento sereno como o de um predesti­nado que cerra os olhos à luz do mundo terreno levando a pressa à retina a Pátria que engrandeceu, salvando-a do ciclone que tentou devastá-la”. 

Em 29 de junho de 1895, falece, neste dia, na Fazenda “Paraíso”, em Divisa, atual Floriano, no Estado do Rio de Janeiro, o marechal Floriano Peixoto, poucos meses depois de deixar a presi­dência da República Brasileira. 

Filho do agricultor Manoel Vieira de Araújo Peixoto e de Dna. Ana Joaquina de Albuquerque Peixoto. 

Os historiadores alagoanos Douglas Apratto e Moacir Santana foram convidados no ano de 1995 pe­las Universidades Catarinenses, para defenderem a mudança do nome da capital de Florianópolis, Santa Cata­rina, para marechal Floriano Peixoto, em homenagem ao alagoano e segun­do presidente da República Brasilei­ra. Aqueles historiadores participa­ram de uma semana de debates em Florianópolis, em defesa do alagoano, tendo em vista a existência de um movimento forte, registrado naquele Estado, contrário à mudança. 

As razões da não-aceitação por par­te de alguns catarinenses, se deve ao fato de eles acreditaram ter sido uma humilhação a denominada “Chacina de Anhatomirim”, ocorrido em 1894, na época da Revolução Federalista, onde 200 pessoas foram fuziladas su­mariamente, sem qualquer julgamen­to, correspondente entre 5% e 6% da população daquele Estado. Tragédia que atribuem a Floriano Peixoto, como responsável direto. 

Segundo o prof. da Universidade de Alagoas Douglas Apratto é “uma situação interessante, pois há uma cidade inteira motivada, uma socieda­de que debate esse assunto sem ne­nhuma restrição, com a participação de todas as camadas”. Observou o his­toriador, que há um forte movimento contrário na cidade, com divulgação em todos os jornais, panfletos etc... “Existe a participação das escolas, Associações de Jornalistas, OAB, en­tre outros, com lados favoráveis e con­trários”, completou. 

Douglas Apratto fez a defesa de Floriano, falando que o alagoano não mandou executar os catarinenses sem julgamento. “Floriano suscitou mui­tas paixões, foi o brasileiro mais ama­do de sua época, não era um erudita, mas um militar, calado, taciturno, que não tinha o poder da comunicação” disse. 

Sobre o episódio de Fortaleza de Anhatomirim, lembrou que o presidente estava enfrentando uma guerra civil, cujos federalistas rebeldes se concentravam em Santa Catarina. “Floriano foi um símbolo de unidade brasileira, quando a população civil estava sendo dizimada pelos policiais federalistas, por isso às voltas com o problema, enviou o oficial Moreira César para Florianópolis que, naque­la época, se chamava Desterro, mas não ordenou que fizesse fuzilamento sem julgamento, comentou. 

Segundo a sua visão de historia­dor, num clima de guerra civil, o presi­dente da República sentia as ameaças da França, Inglaterra e Portugal, que queriam retornar o Brasil para a mo­narquia. Floriano foi um nacionalista, um herói da Guerra do Paraguai, que representou a classe média contra a oligarquia. Não era um ditador, pois entregou o cargo para o seu inimigo político, Prudente de Morais, e mor­reu pobre, flnalizou o prof. Douglas Apratto. 

(Transcrito do Jornal GAZE­TA DE ALAGOAS de 15.10.95.) 

Ir.’. Jellis Fernando de Carvalho