TRABALHO SOBRE A SEGUNDA INSTRUÇÃO PAINEL DA LOJA

Venerável Mestre, Irmão 1º Vigilante, Irmão 2º Vigilante,
Meus Irmãos: 

A segunda instrução diz respeito ao painel das Lojas Maçônicas, resumindo alegoricamente a ritualística e os ensinamentos maçônicos, apontando, após suas decifração e contemplação, o caminho que devemos trilhar em nossa vida maçônica.

A primeira lição do painel é acerca da estrutura física e simbólica da Loja, que, segundo a etimologia, deriva do sânscrito “loka”, simbolizando o Universo. O Templo Maçônico, na forma de um quadrilongo que pousa sobre uma faixa retangular, é cósmico e universal e sua significação é o universo, o qual representa, simbolicamente, com absoluta fidelidade, estendendo-se os limites da loja, com comprimento de Norte a Sul, largura de Leste a Oeste, do centro do planeta ao Zênite.

O Oriente é representado pelo local do Trono do Venerável, bem como do Orador e do Secretário. O Ocidente é a entrada do Templo, delimitada pelas Colunas e lugar do Cobridor Interno. Segundo esta convenção, à esquerda da entrada, olhando-se para o Oriente fica o Norte, ou Setentrião, local onde, junto à parede, os Aprendizes tomamos assento, sob a responsabilidade do Primeiro Vigilante. Por fim, em frente ao Norte fica o Sul, ou Meridião, local onde devem acomodar-se, junto à parede, os Companheiros.

Assim orienta-se a Loja, ajustada pelo Oriente, porque assim sempre o fizeram os Templos dos mais variados cultos, voltando-se para o Sol, que nasce no Oriente e se põe no Ocidente, como símbolo doador da vida. A superfície do Templo, então, toma a feição de um planisfério, sendo cruzada por paralelos e meridianos, nos sentidos latitudinal e longitudinal, respectivamente. Resulta a orientação que há, no Templo, o Equador (linha imaginária que o divide ao meio, eqüidistante das paredes Norte e Sul) e os Trópicos de Câncer e Capricórnio, marcados pelas Colunas à entrada do Templo, sendo o de Câncer à direita da entrada, mirando-se o Oriente, ao Sul, e o de Capricórnio, ao Norte.

Seguindo esta simbologia, o subterrâneo terrestre está representado abaixo do piso do Templo, como contendo da superfície até o centro da Terra. A altura do Templo representa o espaço da Terra ao Céu, cabendo assim, nessa região, o Sol, a Lua, os planetas e as constelações, retratados em sua abóbada, bem como o Zodíaco e os 12 signos que ali se identificam, que figuram como colunas, junto às paredes Norte e Sul.

Essa universalidade que a Loja representa simboliza não apenas a extensão do organismo maçônico, mas também a tradução de um simbolismo ancestral, de que os organismos e as instituições são representações esquemáticas de um padrão universal único, que se repete contínua e simetricamente. Destarte, a Loja, como representação do Universo, tem seu Sol, sua Lua e demais corpos celestes, com o Microcosmo simétrico ao Macrocosmo.

Consoante a 2ª instrução recebida, essa universalidade, além de ter o significado da simetria, guarda ensinamentos morais, aparentes e ocultos. O mais aparente é que o maçom, uma vez que parte do Universo, deve a ele estender o seu trabalho. O oculto, revelado na instrução, é que o maçom deve levar a força de sua Caridade aos quatro cantos do mundo, limitando-se apenas por seu bom-senso e sua prudência.

A Loja Maçônica busca representar com fidelidade o Templo que é considerado a maior maravilha arquitetônica de sua época. O Templo de Jerusalém é a imagem e representação do universo e todas as maravilhas da criação. Prima pela configuração harmônica de seu átrio - os três recintos do Templo - que tem as chamadas “medidas sublimes”, ou “doiradas”, fundadas em ensinamentos pitagóricos, ocultistas e, principalmente, no padrão usado no Medievo pelos Maçons Operativos construtores das Catedrais. 

No Oriente está o Trono de Salomão, assim chamado em virtude dessa mesma representação da tradição judaico-cristã, de que o Trono do Templo de Jerusalém ali se posicionava. O significado simbólico traz em si mais que as memórias dos fatos históricos, que revelam um padrão inequívoco, da revelação trazida do Oriente, berço das mais importantes crenças religiosas, com Zoroastro, Moisés, Buda, Jesus Cristo e Maomé, para citar alguns, não esquecendo também dos mitos órficos e de Pitágoras. 

O posicionamento do Trono revela a associação entre a luz física e a sabedoria, que mesmo no vernáculo encontram-se assemelhadas nas diversas acepções do vocábulo “iluminação”: a física e a mental, dos homens “iluminados” pela centelha da sabedoria. O Venerável é, portanto, fonte e fundamento da Sabedoria em sua Loja. 

A Sabedoria, assim, é uma das três colunas que sustentam a Loja de aprendiz e é personalizada no Venerável. As outras duas colunas são a Força e a Beleza, respectivamente personalizadas pelos Primeiro e Segundo Vigilantes. 

A tradição indica que são três colunas porque três foram os artífices da construção do Templo de Jerusalém: Salomão, o idealizador e por isso representado na Coluna da Sabedoria - sua Sabedoria em ação para idear e dedicar seu tempo à construção do Templo; Hiran, rei de Tiro, que forneceu homens e materiais para a edificação do Templo, e por isso representado na Coluna da Força, que simboliza a potência, a capacidade de realizar a obra planejada e de nos suster em nossas dificuldades; e Hiran-Abif, responsável por adornar o Templo, ao qual deu acabamento primoroso, e que ficou representando a Coluna da Beleza, qualidade daquilo que agrada aos sentidos e respeita os padrões estéticos existentes nos planos superiores.

As Colunas têm formas arquitetônicas rígidas, fundamentadas na tradição clássica helenística. A Coluna da Força é a dórica, mais simples e sem ornamentos; a Coluna da Beleza é a coríntia, com o capitel ricamente ornado; e a Coluna da Sabedoria é a jônica, não tão simples como a dórica nem tão ornada como a coríntia, como se fôra um meio-termo entre ambas as virtudes.

Ao pé de cada uma das Colunas está posicionada uma das jóias ditas “móveis”, que são o esquadro, o nível e o prumo. O esquadro, no painel junto à Coluna do Venerável Mestre e que este leva suspenso ao pescoço, representa a eqüidade, justiça e retidão. O nível, jóia referente ao Primeiro Vigilante, simboliza a igualdade social, abolidas as distinções de castas ou classes. O prumo, jóia conferida ao 2º Vigilante, é o símbolo da imparcialidade e do julgamento objetivo, não sujeito a interesses ou afeições, pois sua perpendicularidade não pende como as oblíquas.

As Colunas sustentam a abóbada, que, por representar o céu estrelado, pode, além do azul natural, assumir um padrão multicor, adquirindo então outro significado simbólico: o da forma mental vivamente tingida e elaborada durante os trabalhos da Loja.

Estão obrigatoriamente representados o Sol, a principal luz da Loja, simbolizando a Glória do Criador, é o componente ativo da vida maçônica; a Lua, desenhada na abóbada no quarto crescente como recordação do dever maçônico de aumentar sempre os conhecimentos, sendo o componente passivo de nossa vida. São, portanto, a dualidade da manifestação maçônica, cujo objetivo será um resultado direto e equilibrado.

Para alcançar o Céu que a abóbada representa, o Painel Alegórico mostra a Escada de Jacó, que na tradição bíblica (Gênese, 28 : 11) liga a terra à morada dos anjos, que a utilizavam para chegar e partir de nosso mundo. A Escada mística de Jacó simboliza singelamente o ciclo involutivo e evolutivo da vida, através de nascimentos e mortes a se desdobrar em hierarquia de seres, reinos de vidas e mundos diversos.

No topo da Escada encontra-se a Estrela de Sete Pontas, a que se atribui várias representações: 1) a perfeição moral alcançada pela prática das sete virtudes, opostas aos sete pecados capitais; 2) as sete principais direções em que se move toda vida para a completa união com o Divino; 3) os sete caminhos em que o homem pode conseguir a perfeição; 4) os sete raios ou emanações com que Deus encheu o universo com a luz de Sua vida.

A tradição maçônica, no rito escocês antigo e aceito, nos diz que os degraus da Escada são 33; simbolizam as etapas necessárias ao aperfeiçoamento do Maçom. Nela estão expressamente figuradas três virtudes fundamentais: a Fé, a Esperança e a Caridade, ali representadas: a Fé, pela Cruz; a Esperança, pela Âncora (ou também Pêndulo, em algumas simbologias); e a Caridade, pelo Cálice (ou Coração, ou ainda Candeeiro). Essas três virtudes deverão ser seguidas em toda a vida de um Maçom, que deve sempre buscar o aprimoramento de seu espírito por meio do exercício da Fé, que lhe trará Sabedoria ao espírito; da Esperança, que o fortalecerá; e da Caridade, que o embelezará.

Na base da Escada situa-se o Altar dos Juramentos, sobre o qual estão as três grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria, ou Paramentos: o Livro da Lei, o Compasso e o Esquadro. O Livro da Lei, ou Volume da Ciência Sagrada, é que suporta e ampara a Escada de Jacó, e representa o código moral que cada um de nós respeita e segue, a filosofia que cada qual adota. O Compasso e o Esquadro são instrumentos simbólicos de medida e de justiça nas decisões: separados, nada valem, mas juntos dão à medida da retidão do Maçom, que não deve se deixar pender por motivos pessoais para nenhum dos interessados.

No Painel Alegórico, abaixo do Altar de Juramentos, há o Círculo entre paralelas tangenciais. O Círculo é o Sol e as paralelas, os Trópicos de Câncer e Capricórnio, bem como, além de figurarem por Moisés e Salomão, podem ser interpretadas por João Batista e João Evangelista. Os trópicos estão nos limites das declinações aparentes do Sol, ao norte e ao sul; este, portanto, não transpõe os trópicos, o que sugere que o Maçom, em benefício da fraternidade, deve respeitar os “landmarks”, bem como as idéias e crenças particulares de cada Irmão.

A circunferência, a seu turno, é uma linha curva e fechada, e assim representa como deve ser o caráter do Maçom. Seus pontos eqüidistantes do centro indicam que, respeitando as normas morais, o Maçom, mirado na circunferência, não terá como errar.

O pavimento mosaico, que compõe o piso alegórico do Painel, encontra-se no centro da Loja e é composto por quadrados brancos e pretos, em padrão quadriculado e na diagonal, simbolizando o objetivo maçônico de síntese e harmonia dos contrários, pela união dos opostos, dos quais citamos, principalmente, a vida e a morte, a luz e as trevas, o dia e a noite, mas também os entes da criação (animados e inanimados) e o enlace entre o Espírito e a Matéria. Representa a fraternidade humana e, via de conseqüência, a maçônica; igualmente, é a harmonia entre todos os povos.

A Orla Dentada, que figura na moldura do Painel, contorna em Loja o pavimento mosaico e seu primeiro significado é o amor, simbolizado pela atração universal. O símbolo também lembra a família e a pátria, reunidos sob a autoridade de seus líderes. Em cada um dos seus quatro cantos, há uma Borla, que significam as quatro virtudes cardeais, de Temperança, Justiça, Coragem e Prudência; a Coragem e Prudência, no Oriente, para servirem de exemplo a todos os que são escolhidos para dirigir uma coletividade; a Temperança e a Coragem no Ocidente, que todo Iniciado deve conservar em si mesmo. Relacionam-se com os 4 elementos clássicos - Terra, Água, Ar e Fogo.

Por fim, cabe mencionar as jóias ditas “fixas”, presentes no Painel e que são três: a Pedra Bruta, já objeto da primeira instrução; a Pedra Cúbica ou Polida; e a Prancheta da Loja. Figuram respectivamente pelo Aprendiz, o Companheiro e o Mestre. A Prancheta da Loja significa o registro e a memória dos traçados dos Mestres, e indica sua função como guias dos Aprendizes no progresso da execução da Arte Real. A Pedra Polida será o resultado do trabalho do Aprendiz sobre a matéria-prima, que é a Pedra Bruta.