TRABALHO SOBRE A PRIMEIRA INSTRUÇÃO - PAINEL DA LOJA


A maçonaria através dos tempos sempre foi mistificada por seus mistérios e símbolos. 

Em sua longa caminhada em busca do aperfeiçoamento espiritual, o aprendiz recebe por ocasião da primeira instrução do grau, as primeiras noções sobre o significado do painel simbólico de sua oficina. 

Existem vários modelos de painéis adotados pelas  lojas maçônicas e todos respeitam o significado da simbologia original. 

Nesse diapasão, cumpre esclarecer que os símbolos objeto da instrução por nós recebida são: O NÍVEL, O PRUMO, A CORDA, A ROMÃ, O DELTA LUMINOSO, A PEDRA BRUTA, A PEDRA CÚBICA, AS JANELAS, O ESQUADRO, OS DEGRAUS, O COMPASSO, O SOL, A LUA, O CINZEL, O MAÇO.   

  • O NÍVEL
A controvérsia sobre a descoberta do nível permanece até a presente data. Na verdade, muito se discute sobre quem teria sido o primeiro a inventar o nível na construção dos templos. 

O certo é que independentemente de quem foi seu criador, o nível simboliza em sua essência, a igualdade entre os maçons e o nivelamento dos valores. 

O nível é o emblema da igualdade das condições humanas e do nivelamento das desigualdades arbitrárias.  

  • O PRUMO
O prumo simboliza a atração e a retidão que deve nortear o juízo de valor de todo maçom. Não se pode esquecer também, que ao prumo se atribui o emblema da justiça e da Equidade, fatores esses, observados nos tribunais maçônicos. 

Na busca do equilíbrio, encontramos no prumo o embrião da retidão, prevenindo todo e qualquer desvio oblíquo, ensejando a elevação à escada da razão, da ciência e da perfeição moral.

  • A CORDA
Talvez nenhum símbolo represente tanto a união maçônica quanto a corda. 

Com oitenta e um (81) nós, representa a fraternidade maçônica, mostrando-nos que os maçons estão unidos e pertencentes a uma única família de irmãos.  

Pode-se imputar à corda outras interpretações, visto que dentre os vários ritos maçônicos existentes, o número de nós da corda lhe garante  interpretação diversa daquela aqui já exposta.  

Como exemplo temos a corda de sete (7) nós simbolizando as artes, a corda de doze (12) nós simbolizando os signos do zodíaco. 

  • A ROMÃ
Desde os primórdios da civilização, a fruta romã sempre teve características místicas, chegando até aos limites da adoração pelo povo hebreu. 

Para os maçons, a romã representa as raças humanas, a fecundidade da natureza e da família maçônica. 

E tal representação se deu em função da quantidade de grãos existentes na fruta, chegando até a influenciar a simbologia da  Arca que era figurada com a semelhança de uma romã. 

  • O DELTA LUMINOSO
Poder supremo, essa é a definição clássica do Delta. Representando a verdadeira luz, observamos o sol e  a lua, que ladeiam o olho divino, bem ao centro do oriente e acima do venerável mestre. 

Não há forma geométrica mais perfeita para representar  a perfeição, a harmonia e a sabedoria, do que a figura do triangulo eqüilátero que é formado por três linhas retas e eqüidistantes. 

Representando o ser abstrato, o triangulo tem ao centro o olho da inteligência, figurando a ação, o movimento e a força. 

A união das três retas perfeitas, ou representadas pelas linhas imaginárias dos três pontos característicos dos maçons, demonstram a ligação dos maçons ao número três, o que faz do delta um dos símbolos mais místicos do painel da oficina. 

  • PEDRA BRUTA
A labuta diária do aprendiz esta diretamente ligada à lapidação da pedra bruta. 

E tal desenvolvimento espiritual e filosófico passa pelo aprimoramento do ser em estado primitivo. 

Com trabalho e estudo, o recém iniciado dá os primeiros passos com intuito de  adquirir conhecimento do simbolismo de seu grau, bem como, sua aplicação e interpretação filosófica.  

A esse árduo desenvolver, chamamos de desbaste da pedra bruta. 

  • PEDRA CÚBICA
Ao lapidar a pedra bruta o aprendiz extrai a pedra cúbica , que mais a frente deve ser polida em grau superior.  

Podemos afirmar ainda, que o cubo nos aponta para a estabilidade.  

Por fim, urge destrinchar o significado da palavra cubo, advinda do grego KUBOS, que representa o dado de jogar, que tem pontos em cada uma de suas faces opostas, com disposição tal que  a soma dos pontos sempre soma sete. 

  • JANELAS
O painel da loja em grau de aprendiz nos apresenta três janelas simbólicas, que representam as principais  horas do dia, o nascer do sol que afasta as trevas, o meio dia, que reduz a sombra e o por do sol. 

A entrada no templo se dá pelo ocidente, orientando-se pela marcha do sol as três janelas o oriente, não havendo janelas ao norte, face à inexistência de sol nesse ponto cardeal.  

Aliás, bem ao norte,  é o local dos aprendizes, visto a necessidade de receberem a luminosidade do astro rei, luz essa, advinda da janela do meio dia. 

A fim de impedir o acesso de profanos ao templo e de afastar o maçom do mundo profano,  as janelas possuem uma rede de arame. 

  • ESQUADRO
O esquadro é uma das seis jóias da loja. Representa a equidade e a justiça e é a jóia do venerável mestre, que com sua liderança e senso de liderança, procura lembrar a todos os maçons a necessidade de desprenderem-se das coisas materiais e preocupações da vida vulgar. 

O esquadro desencadeia as paixões humanas, relacionando-se com a matéria, simboliza a ação do homem sobre si mesmo, bem como, ilumina o caminho mais reto a ser percorrido. 

Nem se deixe de lado, que o esquadro simboliza para o maçom a retidão de sua conduta, sendo o emblema da perfeição de sua obra e caráter. 

  • DEGRAUS
A principio, para aqueles que pretendem passar do ocidente para o oriente, temos que os degraus são em número de quatro, que simbolizam a força, o trabalho, a ciência e a virtude. 

Lembrando as dificuldades existentes em busca da vitória  das idéias e o esforço para se atingir o topo, elegemos mais três degraus, que representam a pureza, a luz, e a verdade, estes devem ser transpostos por aqueles que pretendam exercer o cargo de venerável mestre. 

De acordo com Plantagenet, os sete degraus que devem ser galgados pelo mestre representam sete virtudes maçônicas e simbolizam a lealdade, a coragem, a paciência, a tolerância, a prudência, o amor e o silencio.  

  • COMPASSO
Aparecendo no brasão dos maçons operativos, o compasso é um dos instrumentos de trabalho e um dos atributos da maçonaria, que entrelaçado ao esquadro é usado como o emblema da ordem maçônica. 

O compasso é um símbolo masculino, que representa a potência geradora ou a energia criadora da divindade, ordenando as relações do maçom com seus irmãos e com os demais homens. 

A extensão da simbologia do compasso é extensa, podendo-se ressaltar como uma das mais importantes a realização da justiça, na qual o maçom espelha-se na busca da perfeição.

  • SOL e LUA
O sol sempre esteve ligado a divindade, causando aos povos primitivos, adoração, respeito e temor,sendo-lhe  atribuído o título de símbolo máximo do poder. 

Para o maçom, o sol representa a luz intelectual, da qual está em constante procura, bem como, a autoridade soberana e a virtude divina. 

Ainda no campo da simbologia, ressaltamos que o sol e a lua situam-se no oriente, bem acima do venerável mestre, significando que o maçom jamais está nas trevas, devendo seus raios iluminar aqueles que ainda se conservam na escravidão.  

Simbolizam também, o venerável mestre, que ilumina os demais maçons, auxiliando-os com cuidado e sabedoria. 

  • O MAÇO
O maço, misticamente, pode representar a aplicação direta do poder ou da energia em determinado ponto, de maneira repentina e resoluta, na eminência de apurar um objetivo definido. 

Na maçonaria, o maço é o símbolo da força dirigida ou controlada, visto a sua utilização pelos escultores. 

Atribui-se ao maço também, simbolizar a vontade dos aprendizes, que indubitavelmente são perseverantes em seu labor diário. 

  • O PAINEL
Chamado de tracing board pelos ingleses, o painel de ser olhado como uma táboa de delinear, simbolizando na maçonaria operativa a prancheta, sobe a qual o mestre traçava linhas e desenhos. 

Existem relatos de que nas lojas primitivas, era função do cobridor desenhar sobre o soalho do local da reunião um paralelogramo e dentro dele alguns símbolos maçônicos, que deviam ser apagados pelo candidato logo após a iniciação, utilizando-se de balde e esfregão. 

Atualmente, essa prática já foi abolida, tendo os templos atuais, a representação de grande parte de seus símbolos. 

FONTES DE CONSULTA:
Apostila
Frau Abrines
Ragon
Plantagenet
Oswald Wirth
Mackey
Bryant
J.Boucher (LSM,às pp.162-163)
Daniel Ramée (Histoire de L’Architecture)


SALVATORE CAPALDO -  A\M\
AUGUSTO HENRIQUE RODRIGUES FILHO - A\M\