Giuseppe Garibaldi




O MAÇOM HERÓI DOS DOIS MUNDOS

No Brasil e na Itália, Garibaldi desfraldou a bandeira da Liberdade movido por aquele desejo natural dos homens de ideal.

     Giuseppe Garibaldi, também conhecido como herói dos dois mundos, nasceu em Nice, então Itália, no ano de 1807. Com 26 anos de idade, filiou-se a um movimento chamado "Jovem Itália", de cunho político e social.

     De 1834 até 1848, viveu na América do Sul, tomando parte na Revolução Republicana do Rio Grande do Sul contra o governo brasileiro, em 1839, e  onde organizou as brigadas italianas, denominadas "Camise Rosse" (Camisas vermelhas).

     Retornou em 1848 para a Itália, participando com um grupo de voluntários da primeira guerra da independência, mas, derrotado, refugiou-se na Suíça. Em 1849,  lutou em defesa da República Romana (vitória nas batalhas da porta de San Pancrácio, Palestina e Vellatrí).

     Com a queda da República, Garibaldi refugiou-se em San Marino, tentando chegar a Veneza pelo mar, Morre sua esposa, a brasileira Anita Garibaldi (Ana Maria Ribeiro da Silva), natural de Laguna, Santa Catarina.

     Conseguindo fugir dos  austríacos que dominavam o norte da Itália, depois de um breve exílio na América, voltou a sua amada Itália no ano de 1854. Nomeado General de Exército pelo primeiro ministro Camillo Benson, Conde de Cevour, levou à vitória o regimento alpino em Varese e San fermo.

     Desiludido pelo armistício firmado entre a Itália e a França (sua cidade natal foi cedida à França), abandonou a exército e formou uma legião de patriotas voluntários, denominados "I Mille" (Os Mil) para uma campanha no reino das duas Sicílias (Sul da Itália).

     Cedeu a Vitório Emanuel II, já Rei da Itália, após sangrenta batalha, os territórios conquistados no sul. Tornou-se o herói mais popular do mundo e influenciou grupos militares da época.

     Uma sua tentativa de libertar Roma ( o estado de Lazzio, compreendendo a cidade de Roma, formava o território que pertencia à Igreja Católica, tendo como Rei o próprio Papa, que exercia o poder temporal também), foi bloqueado por tropas italianas, leais ao Papa, e em 1866 (terceira guerra de independência) venceu os austríacos em Monte Suello e bessecca.

     Em 1867. uma nova tentativa de libertar Roma; lutou contra os franceses e as tropas leais ao Papa, derrotando a todos - e ele mesmo participando das batalhas. Em 1870, defendeu a unidade e independência italiana, em território francês, e derrotou os prossianos em Dijon. Retirou-se de vida pública para Caprera, onde permaneceu até sua morte, em 1881.

     Afinal de contas, quem é este italiano que não podia ver uma oportunidade justa de luta sem deixar-se envolver? Quem é este homem que fez questão de unificar a Itália com uma força de apenas mil homens e um ideal tão elevado? Quem é este que venceu forças tão poderosas como os austríacos, franceses e prossianos, além de tantos outros?

     Falo do Irmão Giuseppe Garibaldi, iniciado na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1844, na Augusta e Respeitável Loja Simbólica Refúgio da Virtude, filiando-se depois, em 28 de Agosto do mesmo ano, à Loja Os Amigos da Pátria, em Montevidéu.

     Movimento iniciado por este destemido Irmão teve fulcro dentro de Lojas Maçônicas Italianas, exigindo que todos os generais seus subordinados fossem como ele, homens iniciados. Em 1862, a Maçonaria siciliana (ex-reino das duas Sicílias), depois de Garibaldi derrotar derrotar os Bourbons, nomeava-o Grão Mestre e Soberano Grande Comendador do Rito Escocês Antigo e Aceito "Ad Vitam".

     Com estas prerrogativas, Garibaldi enviava pranchas a todos os Veneráveis Mestre e Irmãos Italianos, neste termos:

     "Venerável Mestre: Os momentos atuais são supremos para a nossa amada Itália, porém, esmagada pelos estrangeiros; sujada pelos falsos padres de Roma. No fim de tudo, posso imaginar sobre o compidoglio, o pendão seguro e glorioso do sentimento nacional.

     Todos os homens que têm um coração italiano devem usar de todos os meios para o cumprimento deste sublime pensamento. Nossos Irmãos devem saber que a causa italiana é a causa de todas as nacionalidades, é a causa da humanidade.

     Por isto, meus Irmãos, como cidadão e como Maçons, devem cooperar para que Roma pertença aos Italianos e que seja a capital de nossa grande nação, lembrando que sem Roma os destinos da Itália serão sempre incertos, com Roma, acabarão todas as dores.

     Vós, Venerável Mestre, exteriorizareis estes meus sentimentos aos Irmãos de vossas Lojas, para que no momento certo se encontrem desfraldando aquela bandeira pela qual foi derramado tanto sangue Italiano.

     Não só vós, mas qualquer um que tenha coração Italiano, deverá estar pronto e armado, como braço volante para esta empreitada. Pois que o segredo a a alma de todas as importantes organizações, assim, vós, Veneráveis Mestres, comunicará a presente prancha (em família), e "sem a presença de visitantes", recomendando aos Irmãos o silencio pelo qual tantas vezes juraram.

     O texto desta prancha dá a conotação do caráter que norteava os ideais puros, límpidos, Maçônicos, deste que, após milênios, conseguiu unificar a Itália, então dividida em tantos pequenos feudos, tornando-se o pai da nova pátria e, acima de tudo, conseguindo fundir os preceitos Maçônicos com os ideais de patriotismo, liberdade e fraternidade.
   
Texto extraído da Revista a Verdade ano XIV nº 397
Janeiro e Fevereiro de 1997: - (GLESP)