Frei Sampaio




O Pod. Ir. Frei Sampaio foi, igualmente, um dos mais apaixonados propagandistas da Independência Brasileira, trabalho que desenvolveu, com entusiasmo, pelas colunas do "Regulador".

Sampaio empregou seu formoso talento em beneficio da causa da partia.

Fazia-o ainda na Loja Comércio e Artes, como seu Orador, e no próprio púlpito, "apesar de ameaças contra a sua existência", conforme declarou no Grande Oriente, em sessão. de 14 de Setembro de 1822, em que esteve presente, a fim de fornecer explicações relativamente a certos artigos que apareceram no "Regulador".

A par de uma ilustração, Frei Sampaio era um dos maiores oradores sacros de sua época. Seu colega Mont’Alverne o considerava mesmo como emulo.

No dia que seguiu á aclamação de D. Pedro 1º para Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, proferiu ele, na Capela Imperial e presença do monarca, uma eloquentissima oração, tratando do papel que cabe á Providencia na grandeza e decadência dos impérios, ato assistido pelo Conde de Palma, Visconde de Minardes e Rio Seco, Barões de Bagé, Goiana, Itanhaem, Santo Amaro e S. Simão, titulares do tempo de D. João VI, nessa ocasião na Corte.

Os inúmeros sermões de Frei Sampaio se extraviaram, segundo afirmam os que tem escrito a seus respeitos, inclusive Viriato Corrêa.

Tinha tanta importância a ação de Frei Sampaio durante os acontecimentos, que acarretaram a emancipação política do país, que até D. Pedro 1º ia á sua cela, no Convento de Santo Antônio, conspirar e ouvir os artigos do exaltado patriota para o "Regulador".

Foi ele quem redigiu a representação, feita e entregue pelo presidente do Senado da Câmara, no dia 9 de Janeiro de 1822, a D. Pedro I, de que resultou o "Fico". Declarou-o Clemente Pereira na Câmara dos Deputados, em discurso proferido no ano de 1841, quando Ministro da Guerra.

Frei Sampaio aprendeu retórica com o grande poeta mineiro Manoel Ignácio da Silva Alvarenga, que, também, a ensinou a Monte Alverne e Januário Barbosa.

Frei Sampaio dedicava imenso amor á Maçonaria. Após á sessão. de 14 de Setembro de 1822, acima citada, compareceu espontaneamente á Loja Comercio e Artes e de sua cadeira de Orador da Off., num vibrante discurso, confessou que em qualquer época sentiria muito, ser-lhe-ia dolorosíssimo deixar de fazer parte da Maçonaria, a cujo grêmio pertencia há anos, principalmente no momento em que a Instituição cogitava de objetivos tão patrióticos, como a Independência do Brasil e a aclamação de seu Defensor Perpétuo e nosso Ir.

Na Maçonaria a memória de Frei Sampaio não se acha esquecida. A Resp. Loja Cap. União e Caridade, ao Or. de Caravelas, Estado da Bahia, mantém uma escola com seu nome ilustre.

O falecimento de Frei Sampaio ocorreu em 13 de Setembro de 1830, tendo-lhe encomendado o corpo no cemitério, em sentido pranto e presa de profunda emoção, o Cônego Januário Barbosa. Uma semana depois, este, no "Diário Fluminense", que Frei Sampaio também dirigiu, com o titulo de "Diário do Governo", dava a noticia de sua morte, "porque nunca deixamos de recomendar ao conhecimento do mundo, aqueles brasileiros que servem de honra á sua partia".

Além disso, Januário Barbosa, que acordara com Gonçalves Ledo cultuar a memória de Frei Sampaio, escreveu, mais tarde, sua necrologia, iniciando, assim no Brasil, esse gênero de literatura.